Simulacro - a teoria e a realidade.
Há uns anos a empresa onde trabalho achou por bem criar um Plano de Continuidade de Negócio, tendo em conta a possibilidade de eventuais ataques terroristas.
Esta ideia nasceu claramente após os ataques de 11 de Setembro às torres gémeas em Nova Iorque. Ao mesmo tempo percebeu-se que seria também importante forrmar gente da casa, com capacidade de lidar com alguma eventualidade mais estranha (um incêncio é o exemplo mais usado).
Assim, foi solicitado que colaboradores internos se voluntariassem para o efeito. Eu, claro, fui dos primeiros. Fiz para o efeito uma quantidade de cursos.
Um dos treinos mais usados nos nossos edifíciosn é um simulacro de incêncio, onde toda a gente do edifício deverá sair para a rua.
Há umas semanas fomos avisados da existência de um ensaio. Toda a gente foi envolvida tendo todos conhecimento do que se iria passar. A única coisa que não se sabia era a hora.
Posto isto... à tarde tocou uma sirene e sendo eu Assistente de Piso - foi este o pomposo nome que deram a quem tem a responsabilidade de colocar as pessoas na rua - coube-me "varrer" o meu andar de forma a não deixar ninguém para trás.
Todavia quando iniciei a ronda apercebi-me de gente que se recusava a sair. Outros procuraram na hora de fugir ir à casa de banho, que eu obviamente não autorizei. Renitentes alguns, apenas um pretendeu ainda assim ficar. Tomei uma posição mais firme dizendo:
- Não saio daqui sem tu saires...
Disse isto num tom tão peremptório que ele levantou-se e seguiu à minha frente.
No fim correu tudo bem e fizemos um belíssimo tempo de evacuação para o exterior.
Só que neste simulacro fica sempre aquela ideia: como posso chegar a alguém, que é meu superior hierárquico, e dizer para largar o que está a fazer e sair? Ainda por cima em ambiente fingido.
A teoria destes simulacros pode ser bem urdida. O problema é que a realidade nua e crua surge com outras ideias.