Quando atrás de à, há!
A nossa língua é malvada. Reconheço que se fosse estrangeiro teria imensas dificuldades em aprender o português. São tantas as variáveis e tantas as excepções que dificilmente alguém que não seja luso percebe as reais diferenças. Também no inglês há o “th”, aquele sopro tão característico dos britânicos, que ninguém, por muito bom inglês que fale, o pronunciará como os súbditos de Sua Majestade.
Mas voltando à língua de Camões diria que cada vez se escreve pior em Portugal. Não imagino se será do N.A.O. ou desconhecimento puro da nossa língua ou até da falta de leitura de obras mais antigas onde a lusa língua era bem tratada.
O problema é que a aplicação de determinadas palavras, mesmo que de forma errada são já um (quase) património linguístico. Os políticos, jornalistas e até escritores usam estas expressões de forma tão normal que um destes dias ninguém diz que é um erro.
O exemplo mais flagrante está no advérbio “atrás” quando usado com o verbo haver. É tão comum escutarmos “… há anos atrás…” dito por todos e mais alguns que já ninguém considera erro. Neste caso basta dizer “… há anos…” que já se percebe que é no passado. Portanto um erro que já vem de há anos!
O verbo haver acarreta outras dúvidas e muitos mais enganos. Pelo que vou lendo por aí, há quem não perceba a diferença entre o “à”, contração da preposição “a” com o artigo “a” originando com a sua duplicação o respectivo acento grave abrindo a vogal, com a forma verbal do presento do indicativo do verbo haver “há”.
É tão recorrente este erro que até eu, por vezes, fico confuso para não dizer com dúvidas, quanto à correcta aplicação das diferentes formas.
Ninguém tome este postal como uma crítica, até porque eu próprio dou imensos erros. Mas erros deste género custa-me aceitar-
A gente lê-se por aí!