Palavras inesquecíveis!
Uma das pessoas a quem enviei um livro sem ela mo ter pedido enviou-me há um par de horas o seguinte email que trancrevo quase na íntegra, com a sua óbvia autorização.
"Olá, José.
Sempre confiei no ditado popular, que diz, "quem não aparece esquece." Esquecer tem sido a minha maior dificuldade. Ser esquecida, uma pretensão. Como que para me proteger da dor de perder alguém. Diz-me uma amiga: "tu perdeste quem faleceu, nós estamos a perder-te e estás viva. Mas vamos dar-te um tempo."
E deram. Um tempo que aproveitei para me isolar completamente. Género a eremita urbana. A possibilidade de trabalhar online, fazer compras online, facilitou-me a vida. A sensação de que não me apetece ser feliz.
Não sei há quanto tempo o teu livro me aguarda na caixa do correio. Hoje tive de sair. Fizeste-me tão feliz. A sensação de "eu não mereço isto". Até chorei, mas foi um choro limpo, sem mágoa, reconfortante.
Eternamente grata. Com este gesto trouxeste-me à tona, resgataste-me de um poço a que me acomodara. As pessoas contam, eu contei para ti e não estava mesmo à espera.
Preciso de mais um tempo para arrumar gavetas, que aos poucos vão ocupando o seu espaço. Hoje mais uma se arrumou.
Jamais conseguirei retribuir este carinho. Mas nunca vou esquecer que alguém se lembrou de mim, ofereceu-me um livro, e fez-me imensamente feliz.
Vou gostar certamente. Não sei quantos livros eu tenho, este estará sempre em lugar de destaque e no meu coração.
...
Um beijinho... "
Este texto deixou-me de lágrimas nos olhos. Olimpicamente!
Tenho sido um privilegiado pois as pessoas a quem ofereci os meus livros só me mimam. Seja aqui nesta plataforma, seja nas redes sociais todos têm sido inexcedíveis. Ponto.
Só que... ao ler esta mensagem que recebi na minha caixa de mail, fiquei completamente... nu de palavras e com um nó na garganta. Porque não sei o que dizer a alguém que escreve:
"... Com este gesto trouxeste-me à tona, resgataste-me de um poço a que me acomodara..."
Talvez reconhecer simplesmente que valeu a pena publicar este livro. Não por mim nem pelo meu ego, mas simplesmente para poder resgatar esta pessoa de um fundo depressivo onde ninguém deveria estar.
Tenho de agradecer à pessoa por esta partilha e pela coragem em o divulgar. E se como diz, o meu livro jamais sairá do seu coração, creiam-me, caríssimos leitores, que estas palavras valeram muito mais que possam imaginar! Também elas nunca serão esquecidas.
Quiçá poderão ser a entrada de um futuro livro. Nunca se sabe!