Onde estarias sem o 25 de Novembro?
Falta um ano para que o 25 de Novembro entre definitivamente para o eterno rol dos eventos históricos. Entretanto e até lá vamos ter algumas polémicas ao redor de uma referência ao dia, na Assembleia da República, onde o PCP não estará presente. Uma vez mais o partido encabeçado por Paulo Raimundo a dar um tiro no pé.
Se me lembro bem do 25 de Abril, tenho com o dia de hoje, em 1975, uma memória diferente e talvez mais dissipada. Naquela altura, em casa, costumava-se escutar com frequência uma rádio que emitia da Alemanha em português e que se chamava, se a memória não me atraiçoa, “Deutsche Welle”. Curioso é que através deste canal de rádio conseguia-se saber o que estava realmente a acontecer no nosso país muito antes do que a nossa televisão o fazer.
Foi através deste canal que percebemos que o país estava muito próximo de uma eventual guerra civil. Ao que parece gente do Norte desceu até Lisboa, parando entretanto em Rio Maior, para de alguma forma conterem o descalabro político, social e financeiro, criado por 17 meses de PREC.
Posto isto… ainda estarei para perceber se haveria uma tentativa de golpe de estado para virar este país mais à esquerda do que estava ou se tudo não passou de alguma justificação para retirar ao PCP e outras forças progressistas o ensejo de fazerem de Portugal uma “Cuba” europeia.
Hoje com a idade que tenho e com aquilo que já vi e vivi neste Mundo, sinto que o 25 de Novembro foi o momento chave da nossa democracia, por muito que os meus antigos amigos do PCP tentassem, durante muito tempo, convencer-me do contrário.
O que fica para a história é que houve um grupo de militares que tomou as rédeas políticas deste país não deixando cair Portugal no escuríssimo poço de uma guerra civil.
Se do 25 de Abril sobressaiu Salgueiro Maia, deste dia foi Ramalho Eanes que seria mais tarde Presidente da República. O beirão mostrou coragem e assertividade nas suas acções e decisões tendo o nosso país como fundo.
Termino com a certeza de que sem este dia a nossa democracia não existiria como está hoje. E, provavelmente, alguns dos partidos de esquerda com actual assento na AR, nem nasceriam.