O saber do dinheiro!
Percebo que num país onde a média no salário nacional bruto em 2020 não chegou aos 750 euros os mais pobres anseiem por mais dinheiro para terem uma vida mais digna, como lhes é conferido constitucionalmente logo no primeiro artigo.
Porém a Constituição diz uma coisa, mas a realidade na sociedade portuguesa acaba por ser bem diferente, o que leva a muita gente procurar, quiçá de uma forma mais fácil, aquilo que não conseguem diariamente.
Ora bem, um destes dias, e tendo em conta alguns sorteios de valores estupidamente elevados, perguntaram-me o que faria se fosse o feliz comtemplado. Fiquei a pensar e só soube responder:
- Não sei o que faria, mas sei certamente o que não faria!
É nesta capacidade de perceber o que o dinheiro faz das pessoas é que reside o grande cerne desta questão monetária. A maioria das pessoas em Portugal não entende, nem tem consciência do que é um valor com muitos zeros.
Relembro a este propósito a primeira vez que entrei numa casa forte na tesouraria onde trabalhei perto de 15 anos. Nunca tinha visto tanto dinheiro de uma só vez. Passada a primeira semana aquilo era somente papel.
Já me chamaram também a atenção para estar atento aos dias 8 de cada mês, nos quiosques ou papelarias onde se vende jogo, principalmente raspadinhas. A fila de idosos é enorme nestes dias, que após receberem a sua pensáo vão ali testar e tentar a sorte. Ainda gostaria de saber para quê? Não têm dinheiro para medicamentos, mas para o vício do jogo não falha...
Por fim não serei melhor ou pior que todos os outros portugueses, mas ensinou-me a vida que o dinheiro só tem dois verdadeiros prazeres: é saber ganhá-lo e saber gastá-lo!