O meu Natal!
A minha (má) relação com o Natal tem origem numa triste estória que me aconteceu teria eu uns quatro ou cinco anos. Naquela noite o tal de "Menino Jesus" ofendeu-me, deixando uma marca que ainda hoje carrego. Obviamente que naquele tempo o "Pai Natal" não existia... pelo menos na aldeia!
O embaraço que eu criei com a minha zanga foi tamanho que a minha mãe teve de me dizer que as prendas eram as pessoas que as davam e não o tal "Menino Jesus". De decepção em decepção acabei por olhar para esta quadra que se aproxima sempre de viés, não fosse mais alguém pregar-me uma estúpida partida.
Todos os anos por esta altura sentia-me como peixe fora de água. Era um martírio que não escondia. No entanto a idade colocou alguma serenidade nesta bravata e passei a alinhar muito na ideia de que o célebre "Ventoínha" dos Parodiantes de Lisboa dizia: contrariado mas vou!
Foi preciso nascerem os filhos para que o Natal fizesse algum sentido. Não pelas prendas, mas tão-somente pela alegria que via nos meus filhos e sobrinhos.
Mais um passo em frente no tempo e dou agora conta dos netos. Daqueles fedelhos fantásticos que adoro e que me fazem olhar o Mundo com uns olhos diferentes.
É mais por eles que se faz ainda a árvore de Natal, (em 2008 quando morreu o meu sogro não se fez nada, porque ainda não havia crianças), se ilumina a casa por fora como se fosse um Circo qualquer, se procura aquela prenda, mesmo que os pais estejam contra.
O Natal não é só família e amigos...
O Natal não é só partilha e entrega...
O Natal não é só amor e alegria...
É essencialmente um bálsamo para as feridas na alma, um lenço que seca as nossas lágrimas, uma verdadeira reconciliação com o triste passado.
Digo eu!
A gente lê-se por aí!