O jogo da vida!
Um dia perguntaram-me que faria se me saísse o Euromilhões?
Respondi que a mim jamais sairía tal prémio porque não jogo. Mas se um dia tivesse a infelicidade de me sair um valor estupidamente grande, assumo já aqui que não faria rigorosamente nada.
Ou melhor... manteria o meu dia a dia. Faria as mesmas compras, gastaria o mesmo dinheiro, não mudaria uma vírgula que fosse à minha vida.
Já não tenho idade para realizar grandes feitos. Se o dinheiro que saísse me desse a visão na vista esquerda e a audição no ouvido direito, aí sim gastaria-o de bom grado. Agora como tudo isso é irreversível...
Há trinta e cinco anos um amigo e colega de trabalho ganhou o 1º prémio da Lotaria Nacional. Fui com ele nesse mesmo dia ao Banco depositar o jogo com receio de ser assaltado. Passado pouco tempo desempregou-se e foi viver dos rendimentos. Só que...
... nem tudo foram rosas. Ou se foram tiveram outrosssim muitos espinhos. Este meu amigo comprou então um carro que era uma verdadeira bomba. Mas uma noite em viagem despistou-se e de todos os passageiros foi ele o que sofreu menos. Até houve mortes.
Penso sempre neste caso quando me falam em jogos de fortuna e azar. Eu já jogo um que é deveras perigoso... chama-se o jogo da vida. As regras estão quase sempre a mudar e jamais sabemos se ganhámos ou perdemos.
Nunca mais soube daquele meu amigo. Mas provavelmente, se pudesse voltar atrás, tenho a certeza que jamais jogaria qualquer espécie de jogo.