O caudal de um novo Rio
Este fim-de-semana trouxe um novo Rio às águas turvas da política portuguesa.
O ex-presidente da edilidade portista ganhou ao ex-provedor da Santa Casa da Misericórdia numas eleições directas no PSD, assaz renhidas e com direito a debates televisivos e radiofónicos.
Em termos meramente políticos estas eleições não vão mudar nada no país. Eventualmente só daqui a dois anos, mas para isso o novo Presidente do PSD terá um trabalho hercúleo ao tentar unir não só o partido, tendo em conta as diferentes facções internas ainda residentes, como trazer muitos portugueses que se reviam nesta faixa política para o centro das suas atenções.
Será então aqui que Rui Rio terá de dedicar mais atenção. A decisão de António Costa em não aceitar coligações com o PSD após as eleições de 2015, afastando o tal Bloco Central, criou muitos anticorpos na sociedade contra o líder do PS. Ou dito de outra forma os apoiantes laranja verão com muitos maus olhos uma eventual coligação política com o actual Primeiro Ministro. Nem tudo parece válido para se chegar ao poder, dirão alguns sociais democratas.
Quem, no entanto, poderá vir a ganhar com esta nova direcção partidária será certamente o CDS que tem na sua actual direcção alguém que consegue fazer chegar ao eleitorado laranja um discurso mais fundamentado e assertivo.
Rui Rio parece ser um homem pragmático e de ideias fixas, o que poderá levar ao afastamento de alguns históricos do partido para as trincheiras da oposição interna, todavia sempre preparados para a costumada farpa.
Face ao que precede prevê-se um ano de 2018 bem interessante. Por um lado a geringonça a tentar gerir para 2019, ainda algum capital de simpatia que angariou, não obstante os tristes eventos do Verão, o caso Raríssimas ou a relação (demasiado) próxima entre políticos e dirigentes desportivos. Por outro o PSD a tentar reerguer-se do fosso para onde foi atirado, mais pelos adversários políticos internos de PPC do que por este mesmo dirigente, através das suas intervenções.
Um palavra final para Pedro Passos Coelho que após o ciclo como Primeiro Ministro vai sair de deputado a seu pedido. Um afastamento definitivo ou meramente estratégico?