Na calada da noite
Estou na Beira Baixa! É costume vir aqui neste feriado.
Cheguei ontem já noite e a temperatura da rua rondaria os 25 graus. Como a casa não é aberta diariamente os quartos pareciam autênticos fornos o que me obrigou a ligar os aparelhos de ar condicionado.
Bom o dia hoje esteve também muito quente e após o jantar achei boa ideia ir dar um passeio pela aldeia. A noite há muito que tinha caído sobre o povo e talvez por isso considerei a aventura de um giro nocturno.
A noite estava simplesmente imaculada ao vento! A brandura da temperatura do ar convidava a fazer qualquer coisa diferente... do que estar em casa.
Saí devagar para poder saborear a noite com calma.
Esta gente que por aqui vai desfiando os seus dias é gente boa. Afável, amiga, companheira e acima de tudo fiável.
Mas o preço da desertificação nota-se já! Muitas casas à venda, a maioria quase devolutas. Os donos ou vivem no estrangeiro ou fugiram para os grandes centros urbanos deixando as heranças para resolver no futuro. Entretanto as habitações sem cuidados vão-se desboroando.
No céu mal consigo ver a Lua já que esta se encontra na sua fase minguante. Todavia as estrelas são muitas e algumas deixam-se ainda ver.
Paro no meio da rua e tento escutar.... Simplesmente!
Um silêncio quase sepulcral, cortado de vez em quando por uma cigarra ou um cão mais atento. Há nesta ausência de ruído uma estranha, mas apetecível atracção. Por esse desconhecido momento de paz.
Dou a volta à aldeia de forma pausada para regressar finalmente a casa.
Ainda a tempo de escutar o bater das horas no relógio da igreja!