Mil quilómetros... #7
... em três ilhas!
A cor grená
Um dos maiores erros dos viajantes é pensarmos que já vimos tudo. E que não haverá nada para ver que seja melhor ou mais atraente.
Aconteceu-me neste dia 7 da minha estadia nos Açores. Saí com o intuito de ir à Caldeira Velha já que no dia anterior não tivera oportunidade. Todavia encontrei-a ainda fechada e como não estava disposto a esperar eis-me a caminho das Furnas. Um caminho bonito ladeado outrossim por hortenses sem, todavia, ter o esplendor dos caminhos à volta das Sete Cidades.
A determinada altura leio a indicação de Lagoa do Congro. Ora... toca a virar para lá convicto que seria dali a alguns quilómetros. Todavia a estrada parecia não terminar e a determinada altura apercebi-me que estava no encosta contrária à ilha mais perto de Vila Franca do Campo.
Lá apareceu finalmente nova indicação, mas logo percebi que a estrada de alcatrão acabava ali. Bom sinal assumi eu já que poderia ser sinónimo de que a lagoa estaria perto. Mau cálculo, mas ainda bem.
Ao fim de mais de seiscentos metros encontro uma seta a direcionar-me para dentro de uma mata e de um caminho a descer. Aí vou eu sem medos à aventura. Penetro num bosque bonito com o arvoredo no seu habitat natural. Curvo-me perante árvores caídas,
ou paro a escutar o som da natureza.
Quando ao fim de um quarto de hora sempre a descer deparo-me com esta beleza,
confirmando a ideia de que em S. Miguel há ainda muita coisa bonita para se ver!
Uma lagoa com peixes negros e quase mansos que surgiam quase à tona de água e onde as velhas árvores desejam descansar.
A subida foi obviamente mais difícil que a descida, mas ainda assim fez-se sem grandes problemas. Cruzei-me no caminho ascendente com turistas todos eles portugueses que desciam em busca desta beleza.
Já no carro regressei ao caminho para as Furnas. Quando cheguei aqui,
já parte dos cozidos à portuguesa tinha saído das covas típicas onde cozem durante longas e lentas horas.
Entretanto as caldeiras continuam em actividade e paira no ar um cheiro estranho a enxofre.
Há muito que o meio dia passou e a fome aperta. Portanto nada melhor que na Vila das Furnas comer um cozido como este.
Sinceramente o meu cá em casa é muito melhor. Mais... gostaria de fazer um cozido naquelas caldeiras, mas com os ingredientes levados daqui.... Aí sim eu poderia com propriedade avaliar o cozido.
Regressei à Lagoa
para finalmente dar conta de um parque que esteve encerrado até 2019. Reabriu agora após o desconfinamento e definitivamente foi um passeio único, imperdível e inesquecível!
Paredes meias com a Lagoa, o Parque Grená complementa na perfeição este local. Em cerca de cinco quilómetros a pé descobre-se uma imensidão de belezas naturais. O Parque está muito bem pensado e, acima de tudo, muito bem aproveitado já que utilizaram muitas das árvores caídas para construirem degraus ou algum corrimão em sítios mais perigosos.
Cascatas, pequenos ribeiros e lagos, arvoredo em profusão, uma natureza pura ali ao nosso dispor,
Já para não falar da vista sobre a belíssima Lagoa das Furnas.
O única problema é que a caminhada é lenta e sempre a subir para se chegar aos seus lugares mais bonitos. Mas vale mesmo a pena. Creio que será um futuro ex-libris da ilha!
A tarde veio mansa e serena pouco convidativa a mais uma volta. Todavia falta a zona norte da Ilha e os seus belos miradouros.
Fiz um desvio à Ribeira Quente onde há vinte anos um desmoramento de terras matou dezenas de pessoas. Depois foi o caminho para a Povoação e Nordeste.
Pela estrada muitos miradouros,
alguns deles autênticas obras de arte em jardinagem.
Cheguei finalmente à Ribeira Grande já noite para jantar...
... dois peixões acabadinhos de pescar!