Liga de Campeões e de Milhões
É sabido que gosto muito de futebol. Mas o futebol como desporto e não somente como angariador de (enormes e estranhos) interesses económicos.
Tenho a perfeita noção de que actualmente este desporto é uma indústria muito poderosa. Tão poderosa que verga estados e todo o tipo de gente em escrúpulos à vontade dos milhões que aquela indústria gere.
Um dos casos paradigmáticos do que acabo de dizer foi o que se viu ontem na bela cidade de Milão. Duas equipas disputaram uma Final da Liga dos Campeões de futebol sem que nenhumas delas tivesse sido campeã na época passada. E neste caso aconteceu uma final entre clubes do mesmo país.
Em termos meramente teóricos, à Liga dos Campeões só deveriam aceder de forma directa as equipas cujos campeonatos venceram. Ora se assim fosse muitas equipas de primeiro plano mas que não haviam vencido os torneios internos ficariam fora desta competição. Alguém imagina a próxima LC sem Real, Manchester City, Arsenal ou Nápoles?
Pois… é com base na premissa de que a LC deve ser competitiva é que entram nesta competição equipas não vencedores dos respectivos campeonatos. Mas não só… Os milhões oriundos da UEFA são também uma razão concreta para este formato da Liga dos Campeões.
Para no fim sair uma final como a de ontem.
Uma final pobre sem grandes motivos de interesse, a não ser as grandes penalidades que acabaram por decidir o vencedor.
E é aqui que sinto que o futebol perdeu alguma da sua essência como desporto-rei. As equipas participam numa quantidade tão imensa de jogos que não sobram dias. Depois alguns jogadores têm outrossim as selecções dos seus países, o que contribui para que um atleta possa, no final de uma época, ter feito mais de sessenta jogos.
Por isso as entidades mundiais que gerem o futebol não permitem que um jogo empatado ao fim de 120 minutos não possa terminar sem um vencedor.
Entendo que mais um jogo levaria a uma repetição de uma logística, já de si pesada, e com os inerentes imensos custos. E depois se existisse novo empate? Far-se-ia novo jogo?
As questões que levanto já foram obviamente analisados por especialistas mas ainda assim receio que a solução encontrada não tenha sido a melhor, pois num final de jogo, quando os corpos dos atletas estão completamente derreados com o esforço despendido, obrigá-los a marcar grandes penalidades parece-me um tanto injusto para todos os atletas.
Porque marcar uma grande penalidade durante o decorrer do encontro não é a mesma coisa que no final de 120 minutos.
Enfim, para terminar digo apenas que se os americanos mandassem no futebol mundial já teriam arranjado uma (boa) solução.