Justiça e cultura
Já vi um bocado de tudo na vida e não coloco as mãos no lume por ninguém. Nem mesmo por mim.
Todavia ainda há coisas que me espantam. É o caso ou não-caso do cantor popular Tony Carreira.
Sei quem é, mas nunca escutei nenhuma das suas músicas e portanto não sei nem posso julgar se houve ou não plágio.
Posto isto e segundo fui lendo por aí, há duas conclusões a retirar deste conflito de interesses. A primeira prende-se com o autor que afirma a pés juntos que não fez plágio.
Ora se acreditarmos no que diz, como aceita dar dinheiro, à laia de compensação, para as aldeias afectadas no último Verão pelos fogos? Diz o povo e bem “Quem não deve não teme!”. Será que deve ou será que teme? Ou ambas? Ou nenhuma das duas?
O segundo ponto vai directo para a justiça, que envolvida neste caso deveria, em face dos dados que tem, acusar ou ilibar o cantor. Aceitar uma doação parece-me no mínimo estranho, originando que futuros casos de usurpação de direitos de autor sejam minimizados com uma qualquer oferta a uma instituição. Ou dito de uma forma, quiçá mais assertiva, o crime pode compensar.
O direito à criação de conteúdos culturais mesmo que muito básicos e simples deveria ser sempre bem defendido e jamais usurpado. Seja pelas entidades competentes (SPA, DG das Artes, etc.) seja pelos próprios tribunais.
A cultura merece (também) uma justiça a preceito.