Jovem na velhice!
A velhice será talvez a única coisa da minha vida que me assusta, isto se lá chegar.
Disse-me a minha avó uma vez há muitos anos: devíamos morrer novos! Na altura não percebi a razão desta espécie de vontade.
Porém hoje entendo-a. Provavelmente da pior maneira porque lido todos os dias com uma vetustez próxima. Ainda não é a minha… mas para lá caminho, inexoravelmente.
Aflige-me assim um dia tornar-me dependente de outros, especialmente dos filhos ou noras. De ter um qualquer ataque e ficar preso a uma cama ou pior… a uma máquina, de forma a poder sobreviver.
Tenho por isso cada mais consciência que a qualidade da minha velhice depende essencialmente da minha formação genética mas à qual se junta indelevelmente a forma como vou repartindo o meu dia. O que como, quanto como, o que bebo, quanto bebo, o que ando, quanto ando…
Assumo aqui e agora que não pretendo que me deixem ligado a qualquer máquina para que viva mais uns dias, semanas, meses, quiçá anos sem dar conta! Seria um desperdício de recursos…
A senilidade e a falta de lucidez são claramente os meus maiores receios num futuro a médio ou a longo prazo.
Entretanto dizem os especialistas que a forma de melhor contornar o definhar da mente é manter esta sempre pressionada, essencialmente com actividades novas. Deste modo guardo para a minha reforma um sem número de projectos que pretendo realizar.
O mais certo é nunca os realizar… Mas isso que me importa?
A idade pode também ser um estado de alma. E a minha é de um miúdo traquina.