Jogar a vida!
A idade ensinou-me a discernir que a vida tem muito mais de jogo que qualquer boletim impresso e atirado para uma máquina numa vã esperança que aquela se altere! Como num passe de ilusionista.
Hoje de manhã fui a uma pastelaria comprar pão e o local de pagamento deste é também um quiosque de jogo. À minha frente uma idosa gastou uns parcos euros por qualquer coisa que terá comido e alguns euros em troca de jogo.
Estava eu a assistir a esta troca de dinheiro por esperanças, jamais concretizadas, quando reparei neste aviso.
Logo ali fiquei com a ideia de que a SCML deve viver longe da actual realidade do povoléu, pois deveria também proibir o jogo a quem tivesse mais de... 81 anos.
Dir-me-ão alguns de vós que há muita gente com aquela provecta idade bem autónoma e capaz de decidir sobre se deve (ou pode) ou não jogar! De acordo!
Da mesma forma haverá gente com menos de 18 anos com essa igual capacidade, tal como há quem tenha 30 ou 40 anos e não consiga controlar-se...
Curiosamente nestas mini férias na ilha das Flores deu-se o seguinte caso: entrei num café para beber algo que me refrescasse e dei conta que o dono estava de telemóvel assente em cima do balcão a jogar num casino "on-line".
Em tom de brincadeira perguntei:
- Está a jogar a sério?
- Claro, senhor!
- Já ganhou alguma coisa?
- Nadinha!
Naquele instante apeteceu-me dizer muita coisa, mas apenas encolhi os ombros e paguei a minha despesa.
Depois do que aconteceu esta manhã fui à minha carteira e retirei de lá uma nota de cinco euros que coliquei junto a outras de igual valir e que tenho guardado desde há muitas semanas. De certa forma é como tivesse também jogado, semanalmente, numa qualquer raspadinha ou euromilhões.
Certo, certo é que fiz a conta certa! Cem notas de cinco euros que perfaz a módica quantia de quinhentos euros que poderiam não existir se também jogasse.
A vida, como disse no início deste postal, é realmente um jogo. Umas vezes fácil, outras vezes demasiado perigoso.
Seria bom que pensássemos nisto. Nem que fosse de vez em quando!
A gente lê-se por aí!