Irene o furacão!
Chamou-se Irene a tempestade que assolou o país de diferentes formas. Uns sítios através de chuva, noutros com o forte apoio do desvairado Deus Éolo.
Por estes lados choveu alguma coisa, mas como ando tão atarefado com outras actividades nem dei muito pelo temporal. Quanto a vento por aqui foi relativamente calmo. Digo eu pois que nem estive cá na noite da passagem dessa senhora.
Pegando no nome da tempestade vou dizer uma coisita simples: é nome a evitar! Passo a explicar contando uma estória verdadeira! Comigo!
Tenho uma tia com esse nome. Hoje já idosa faz alguns anos que não a vejo, porque devido ao Covid decidiu nunca mais sair de casa. Resultado tem oitenta e muitos anos e ao que sei está fresca que nem uma alface se bem que se queixe muito.
No entanto quando nova não era uma tempestade, mas um furacão... Quase todos da família lhe tinham um respeito medonho... Ou seria medo? Já não sei! Outra das suas características era tratar toda a gente por nomes imbecis ou diminuitivos. Por exemplo o marido era o Nini, ela era a Dede, a empregada Maria a Bibi, a avó Laurinda a Lala, a filha Graça por Gracinha e assim sucessivamente. Até que chegou a mim e eu já espigado que detestava estas parvoíces onomásticas, chamou-me Zezinho!
Calmamente disse-lhe que o meu nome era José e que seria por esse que sempre responderia. O furacão veio ao de cima, começou a disparatar, mas eu mantive a minha posição.
Certo fim de semana fui convidado pelo meu tio para ir ver um jogo de futebol. Daqui resultou que fiquei de noite lá em casa enquanto a minha prima foi para a minha (sinceramente nunca nos demos lá muito bem).
Não sei se foi almoço ou ao jantar... sei que me chamaram para ir comer:
- Zézinho vamos comer!
Não me lembro o que estaria a fazer naquele instante, mas continuei porque o meu nome não era aquele. Foi o descalabro, a ignomínia, o horror...
De súbito aparece a empregada muita apressada a dizer:
- Menino venha depressa que a senhora está um furacão!
- Mas ninguém me chamou!
- Não ouviu chamá-lo!
- Não!
Entretanto a tia Irene, cognomizada por mim como o Furacão, chegou para impor a ordem. Lá fui comer, mas ninguém nessa noite me tratou pelo estúpido diminuitivo.
Nem nessa noite nem em outros encontros que se seguiram!