Hoje não brinco!
As sociedades actuais são pródigas em desperdício. Mas isto não é novidade nenhuma para (quase) ninguém.
Daí muitas pessoas em diversos locais se juntarem para recolherem nos restaurante sobras de refeições não servidas, indo depois entregá-las a pessoas necessitadas, maioritariamente gente sem-abrigo.
Durante muito tempo guardei caixas de plástico que depois entregava a uma colega que fazia parte de uma associação de recolha desses alimentos, para que ela usasse para distribuir a comida em doses familiares ou unitárias, conforme os destinatários
Gestos fantásticos de gente ainda mais fantástica.
Só que o desperdício não é exclusivo dos alimentos. Roupas, mobílias, livros e até brinquedos são depositados no lixo sem que ninguém aproveite.
Hoje fui despejar o meu lixo reciclável nos contentores específicos, que ficam a uns meros 30 metros da minha porta. Desta vez não havia vidros apenas embalagens e papel.
Tudo despejado e já de regresso a casa deparo-me com três boas mochilas e mais um saco repletas de... brinquedos encostados ao contentor do lixo orgânico. Doeu-me o coração.
Há uns anos valentes quando os miúdos cá de casa deixaram de ser miúdos pedi-lhes para fazerem uma escolha do que queriam e não queriam dos brinquedos. O resultado deu uma quantidade de caixas cheias e muito mais espaço em casa.
Os brinquedos sem interesse foram entregues num hospital público à ala pediátrica onde havia muitas crianças internadas. O restante ficou num pequeno baú que a minha neta hoje adora desarrumar.
Tudo isto para tentar perceber como se deitam brinquedos no lixo e ninguém pensa nas crianças que não sabem o que é um boneco, um carrinho, quiçá um jogo! Com tanta associação, tantos centros, tantas escolas não há um telefone para perguntar se querem os brinquedos?
Desilude-me esta gente pouco altruísta e nada humana.
Há muito, mas muito para educar nesta sociedade demasiado preocupada com o faz de conta, mas nada ralada com quem devia contar!