Geringonça sem… gasolina?
Sempre considerei que a actual solução governativa, a que Vasco Pulido Valente denominou de “Geringonça”, adveio de uma “xico-espertice” política muito à portuguesa. Mas pronto temos o temos e nada há a fazer…
Entretanto há quem se ofenda olimpicamente quando alguém afirma que o país vive muito acima das suas possibilidades. Esta é uma verdade que muitos recusam a ver.
Portugal é, todos sabemos, um país pobre:
- Pobre em espírito pois a invejazinha soez vive e alastra num ambiente propício.
- Pobre em iniciativas, pois há sempre uma mão invisível (será a burocracia?) que deita tudo a perder;
- Pobre nos políticos que do alto das suas tribunas continuam intocáveis e irresponsabilizados;
- Pobre na assertividade pois o foco dos portugueses varia de dia para dia ao sabor do momento;
- Pobre em recursos mas continuamos a esbanjar os poucos que temos.
Desde muito cedo se percebu que este governo tinha como função primordial desfazer o que outros governos haviam feito. A tróica que Sócrates trouxe para Portugal (e que muitos socialistas olvidam!) forçou o país a viver com menos recursos. Por isso durante a legislatura do governo de PPC a austeridade apertou de forma radical. Mas era obviamente necessário!
Sei que nenhum governo gosta de subtrair dinheiro aos seus contribuintes pois poderá corresponder outrossim à subtracção de votos. Todavia há evidências às quais não se pode fugir.
Aquela ideia de repor rendimentos após anos de austeridade na qual António Costa assentou a sua governação não está a dar os proveitos que o PM e seus apaniguados julgariam ter.
A justa questão do tempo de contagem dos professores, as greves dos enfermeiros e a actual greve dos camionistas de materiais perigosos têm colocado o governo numa situação pouco favorável e muito refém de sindicatos e outras organizações laborais ou de classes. Mais uma vez e perante os problemas a geringonça tenta adiar ou empurrar com a barriga uma eventual solução no sentido de ela cair somente na próxima legislatura.
Portugal vive actualmente à mercê de grupos estratégicos a quem o Governo tenta agradar no sentido da manutenção da tal paz social que nos primeiros anos da legislatura foi a bóia de salvação de Costa.
Só que o povo não tem memória curta, bem pelo contrário e na hora de votar lembrar-se-á dos atrasos das cirurgias, dos incêndios mortíferos, das famílias dos políticos, das viagens pagas, da greve dos estivadores, do tempo não contado dos professores...