Ele vai andar por aí! (Já andava, aliás!)
O fim-de-semana trouxe-nos, para além de dias super escaldantes com as temperaturas a baterem recordes, a notícia da saída de Pedro Santana Lopes do PSD. Esta foi uma saída prevista há muito por alguns analistas políticos e desejável por muitos militantes laranjas.
A verdade é que Santana Lopes nunca foi um militante sereno e amorfo. Bem pelo contrário. É que a sua postura, sempre guerreira, originou algumas bravatas internas que quase sempre perdeu.
Recordo a este propósito a sua eleição para a autarquia de Figueira da Foz após ter perdido o congresso contra o actual Presidente da República. Mas se a conquista da autarquia da Figueira da Foz teve grande impacto dentro do partido, este seria ainda maior quando em 2001 contra todas as sondagens, o antigo Provedor da Santa Casa ganharia a edilidade ao João Soares numa eleição épica.
Depois viria a ser PM quando Durão Barroso troca a política lusa pela política europeia. Mas seria um reinado de pouca duração já que ao fim de uns meses o Presidente Jorge Sampaio acaba por dissolver a AR originando a consequente queda do governo de Santana Lopes e a marcação de eleições antecipadas que, curiosamente, seriam ganhas por José Sócrates.
Santana Lopes andou por aí (a frase é do próprio no final de um congresso!!!) sem nunca ter uma relevância por aí além. Mesmo com as vitórias nas autarquias…
Foi comentador televisivo onde ficou célebre a sua saída em directo por o canal ter dado mais relevância à chegada de um antigo treinador a Lisboa do que à sua própria análise. Uma atitude que foi muito aplaudida desde a esquerda à direita.
Mas talvez por esta suas atitudes assaz rebeldes, Santana Lopes foi permanentemente visto pelos seus companheiros de partido como “l’enfant terrible”. Escutei há tempos que PSL preferia o PPD ao PSD. Em termos programáticos não entendo a diferença entre as duas siglas, mas acredito que haja quem entenda as distâncias.
Este será porventura o tema político deste Verão. Muito se especulará sobre o futuro próximo deste político.
Para mim Santana Lopes continuará, como sempre afirmou, a andar por aí… Só que desta vez sem as amarras de um partido com o qual já não se identificava.
A liberdade de pensamento tem sempre os seus custos!