E se acontecesse em Portugal?
Recordo com rigor aquela madrugada de 28 de Fevereiro de 1969, tinha eu acabado de fazer 10 anos. A minha mão acorda-me em pânico para sair da cama e fugir para a rua. Lembro-me de ter colocado os óculos e ter visto as paredes a movimentarem-se violentamente.
Morava naquela altura num primeiro andar com escadas interiores, isto é, a porta da rua ficava ao nível do chão. Nessa altura o meu pai, militar de profissão, andava embarcado em África, portanto em casa... só eu e a minha mãe!
O que mais retenho dessa terrível madrugada foi a incapacidade da minha mãe em abrir a porta para a rua. Tudo porque tinha o hábito que fechar a porta com uma série de voltas à chave e mais um ferrolho. Naqueles breves segundos instalou-se o pânico... Finalmente lá saímos, mas na minha mente aquele momento ficou gravado. De tal forma hoje, seja em que casa for, a porta fica sempre no trinco. Antes roubado mas vivo que... soterrado.
Mas o que me troiuxe hoje aqui não foi reactivar memórias, por sinal pouco gratas, mas tentar entender se o nosso país está minimamente preparado para uma ocorrência tão grave como aconteceu na Turquia esta madrugada.
Somos um país ribeirinho, com uma natural e normal ligação ao mar, local donde geralmente se encontram os epicentros sísmicos. Vai daqui temos de estar preparados não só para um eventual tremor de terra de enorme amplitude como, e pior que tudo, para algum "tsunami" semelhante ao que aconteceu vai para 20 anos no Oceano Índico.
Volto à questão principal deste meu postal: e se acontecesse em Portugal o que aconteceu na Turquia?
Como estão as nossas entidades de suporte preparadas? Protecção Civil, Bombeiros, forças policiais, hospitais... Saberão reagir com assertividade a um sismo desta magnitude? Haverá algum plano de evacuação estudado para as localidades costeiras?
Quando vejo diversos hospitais, alguns até de vanguarada, erigidos encostados à beira-mar ou melhor à beira-rio, fico desconfiado de que alguém não pensou como deveria ser naquilo que o futuro poderá oferecer.
Dir-me-ão que talvez nunca mais volte a acontecer, que sou um pessimista. Totalmente de acordo!
Contudo prefiro precaver-me a ter que remediar!