Dias de tempestade!
Desde o Natal que a minha vida é uma roda viva qual tempestade terrível. Primeiro foi a crescente preocupação com a anemia do meu pai que o impedia de ser operado, para depois ser a própria cirurgia e os consequentes Cuidados Intensivos.
Todos os dias tenho ido ao hospital ver o meu pai. De manhã levo-lhe o jornal, para de tarde regressar à sua companhia e por lá ficar um bom bocado a conversar e a vê-lo comer a merenda e o jantar.
No entanto nos primeiros dias após os CI aquela cabeça parecia muito desarrumada: diálogos impensáveis, ideias completamente baralhadas e fora de contexto, deslocalização total.
A juntar a isto tudo uma apneia profunda que mesmo com máscara não parecia ajudar. Mas alguém cá em casa, que percebe destas coisas dizia-me:
- Dá-lhe 48 horas...
E dei! Na realidade após este tempo encontrei-o bem melhor. Com uma melhor mobilidade e independência motora. O descernimento regressou, assim como a sensatez.
Hoje enquanto passeávamos no corredor falámos de muita coisa. Do passado, do presente e obviamente do futuro. Não fizemos planos, mas alinhámos somente ideias. Como há muito não fazíamos.
Curioso (ou talvez não) como a vida por vezes escolhe os piores trilhos para nos colocar no bom caminho.