Diário da azeitona - 4
Ao quarto dia já tudo dói. As costas, as mãos, os pés, os braços, o pescoço e mais um sem número de locais do meu corpo.
Eram seis e meia da manhã quando acordei. Chovia! Não era uma chuva forte todavia constante.
- Vamos não vamos? Perguntávamo-nos.
Não apetecia ir para a chuva. De todo! No entanto a azeitona não se apanha sozinha e havia que teimar.
Após um pequeno almoço reforçado e um café quente, pusemo-nos a caminho da fazenda onde a lama, a chuva e o frio nos aguardavam.
Nem sempre choveu, mas quando caía era com vontade molhando-nos até aos ossos, os panos, as ferramentas, a azeitona.
A determinada altura alguém me chamou à atenção para um fenómeno corrente, mas sempre muito bonito: um arco-iris.
Um arco que atravessava a aldeia num semi-círculo perfeito.
Ser testemunha desta natureza não é para todos...
Entretanto a tarde não sendo das melhores, com algumas bátegas fortes, ainda assim foi no final bem produtiva com nove sacos bem cheios. Hoje ficam em casa à espera do que se apanhará amanhã para serem entregues finalmente ao lagar.
O azeite de ontem tinha a graduação de dois décimos. O que em termos de acidez é quase nada. Nem sabe verdadeiramente ao óleo vegetal!