Diário da azeitona - 1
Todos os anos a história repete-se. Pelo Outono seja este chuvoso ou soleiro, arrepiado ou encalorado, brando ou ventoso a época da azeitona é uma certeza.
Este ano, todavia, atrasou-se, já que choveu até muito tarde. Portanto há um evidente atraso de cerca de um mês, tendo como matriz anos anteriores.
Estou no Ribatejo. A serra dos Candeeiros surge imponente acomodando a aldeia mais que centenária. Começámos cedo que isto de andar à azeitona recupera uma velha ideia do meu falecido avô: somos nós que esperamos no olival pelo dia claro.
Munidos de maquinaria, sacos, mantas e outros apetrechos entrámos no olival ainda o astro-rei estava a dormir. Retirámos as alfaias, espalharam-se os panos, montámos as máquinas e vai de botar abaixo a azeitona. Horas e horas de árduo trabalho. Os bagos negros vão à força caindo em enormes mantas.
Hoje o vento forte foi uma constante duplicando o trabalho para quem estendia os panos... Não fossem as pedras...
Junta e ensacada a azeitona vai logo que possível para o lagar, onde o mestre nos dará o azeite.
Ou, e regressando ao meu avô ,que dizia: a oliveira dá a azeitona, o lagareiro o azeite!
Apanha total do dia de hoje: 250 quilos.