Detesto ter razão!
Inicio este postal com um exemplo na minha vida.
Durante alguns anos fui fumador. Se no dealbar fumava daquilo que cravava porque não tinha dinheiro para mais e portanto consumia pouco, anos mais tarde, e a partir do momento que comecei a ganhar dinheiro, passei a fumar muito mais. Natural...
Cheguei a consumir diariamente três maços de cigarros. Mais o tabaco de cachimbo que também marchava...
Entretanto em 1984, estava eu numa esplanada na Costa de Caparica com um (agora) velho amigo, quando peguei num cigarro e aquele me pergunta:
- Quando é que deixas de fumar?
Coincidentemente aquela era o último cigarro do pacote. Fumei-o normalmente, mas quando o acabei devolvi ao meu amigo:
- Não volto a fumar!
Nem ele nem eu próprio acreditámos piamente na minha promessa, mas...
A verdade é que deixei mesmo! Nunca mais peguei num cigarro nem no cachimbo (que ainda guardo). Todavia para que o tabaco passasse a fazer parte do meu passado tive de perceber que teria de deixar de beber café e de beber álcool às refeições e fora delas.
Hoje recordo aqueles tempos não com saudade, porém como prova provada de que se quisermos, repito se quisermos mesmo, tudo conseguimos. Até deixar de fumar. A partir desse tempo passei a alinhar numa luta para tentar que os meus mais próximos deixem de fumar. Há quem me chame fundamentalista anti-tabagista, mas eu apenas quero o bem das pessoas.
Trago este meu exemplo porque ontem recebi a notícia que um ex-colega e muito meu amigo, fumador inveterado, foi internado com um grave problema pulmonar que logo se descobriu ser um cancro.
Ele é muito mais velho que eu, mas a amizade que nos liga foi sempre enorme, cimentada com o andar dos anos. Muitas vezes tentei convencê-lo a deixar de fumar. Nunca aceitou a minha ideia convicto de que tudo não passava de um mito urbano.
Infelizmente não foi nem é. O tempo de vida que lhe restará será claramente pouco. Quando poderia ter sido tanto...
Bastava que ele tivesse querido!