Deixai as crianças...sê-lo!
Aos seis anos de idade fui brindado pela vida com uma míopia galopante. Ora naquele tempo raras eram as pessoas que usavam óculos. Tendo eu a necessidade impreterível de usar óculos, logo ganhei uma série de cognomes, vulgo alcunhas.
Portanto desde "vidrinhos", "caixa de óculos" ou "pitosga" chamaram-me de tudo. Como não tinha irmão ou irmã que me defendesse assim fui crescendo na vida escolar. Mais tarde ganharia outros epítetos, todavia menos ligados à minha deficiência.
Adiante.
Aos trinta anos já casado e com filhos decidi apostar em lentes de contacto. O resultado foi bom, porém continuei a necessitar de óculos, especialmente os ditos de sol, devido à fotogenia criada pelas lentes de contacto.
Tudo isto para dizer o quê? Têm razão... vou porsseguir.
Esta tarde saí de casa com a minha neta para dar uma volra. Iamos todos contentes quando reparo numa mãe que se preparava para entrar num prédio. Carregava ao colo uma criança de meses e mais uma imensidão de sacos. Normal nas mães de hoje. No entanto o que me espantou foi que a criança já trazia uns óculos postos de lentes escuras.
Sinceramente considerei aquela espécie de protése na criança um anormal exagero. As crianças são simplesmente crianças e não modelos de beleza para uma qualquer marca que pretende vender beleza.
Calculo que muitas mães não concordem comigo, mas isso não me impede de avisar que muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito mais cedo que os pregenitores imaginam, os filhos estão crescidos e donos da suas próprias vontades!
E agora fazem-no cada vez mais novos!