De água me vesti...
Resposta ao desafio da Mula e da Mel
Sinto a água fria correr-me por entre as mãos e pergunto-me que voltas terá dado para ali chegar? Estou numa velha fonte onde duas bicas não param de despejar no tanque a água que vem do ventre da terra.
Sinto-me um privilegiado por poder beber desta água fria e sem sabor, que corre insistente.
Foge esta por caminhos estranhos, saltitando por entre pedras, encolhendo-se nas pontes, alargando-se dos estuários, alagando lameiros em tempos de invernia, enchendo barragens, matando a sede ao gado sedento num qualquer Verão quente. Ninguém a consegue parar e num momento de revolta e fúria na intempérie leva tudo à sua frente.
Gostaria também de me vestir de água, subir às nuvens, descer às terras sequiosas em torrentes fortes, saltitar por entre caminhos ínvios e parar somente para te receber naquele banho refrescante.
A água é verdadeira companheira dos meus tristes momentos. Que o digam as lágrimas que choro.