Chove... Mas isso que importa (*)
Oiço a chuva a bater na janela atrás de mim. É uma chuva forte com sabor e cheiro a Inverno.
Quase a terminar o Outono eis a estação seguinte a querer mostrar-se competente nas suas normais funções: chuva, vento, trovoada e muitas vezes frio.
Gosto especialmente do Inverno, das tardes cinzentas e de ver esta chuva forte a espalhar-se com força pela vidraça.
No entanto sempre que olho a rua esta é quase sempre um mar de água porque as sarjetas estão quase todas entupidas. Após um Verão e um Outono sereno a edilidade não se preocupou em limpar para escoamento das águas pluviais. Ou melhor fê-lo em Maio ou Junho, mas desde lá até agora as sargetas voltaram a entupir...
Não todas já que aquela que está mais perto da minha casa é intervencionada por mim, pelo menos uma vez por mês, de forma a poder escoar a água da chuva.
Não sou melhor cidadão que os outros, mas tento cuidar de algo que pode ser benefício de todos. É que resido numa zona alta e lembro-me de muitas vezes, quando trabalhava, não poder apanhar o comboio por o acesso à estação de comboios, que é subterrânea, estar inundado por convergir naquele lugar toda a água não escoada pelas sargetas.
A cidadania não passa só por campanhas sempre tão mediáticas de doações, mas outrossim pela nossa intervenção no terreno.
Como disse acima nunca me tomem como exemplo de óptimo cidadão porque também não o serei, mas há momentos que sinto conscientemente qual é o meu dever perante a sociedade!
(*) - Excerto de um poema de José Gomes Ferreira