Carta aberta a um aniversariante
Companheiro,
Sei que não gostas de comemorar o teu dia de aniversário. É uma opção pessoal e só tenho de a respeitar. Daí escrever-te esta missiva.
Quebra-se (ou quebras tu!) assim uma tradição familiar de muitos anos.
Vi-te crescer, vi-te saíres de casa em busca do conhecimento, vi-te sofrer com os desaires com que a vida te foi brindando.
Mas tentei estar sempre a teu lado. Provavelmente, e pelo que percebo agora de ti, sem grande êxito…
Não foi por mal, crê-me. Como costumo dizer, as crianças quando nascem não trazem consigo qualquer Manual de educação. Este, vai-se naturalmente escrevendo dia a dia. Parece que nem nisto escrevi bem…
Da minha vida passada há poucas coisas das quais me posso orgulhar, exceptuando os meus filhos! Durante anos a fio dormi mal e nem descansava, constantemente preocupado com o bem-estar. De repente e quase sem perceber os meninos pequeninos e traquinas, tornaram-se homens e ganharam asas próprias. Faz parte da vida!
Custa-me por isso passar este dia e não te poder dar um abraço sentido e dizer o quanto gosto de ti como pai, como amigo e porque não dizê-lo como homem. Só porque não o desejas.
Termino com um mui singelo pedido: se não gostas de festejar o teu dom da vida, deixa-me pelo menos a mim, comemorar o dia em que fui pai pela segunda vez,
Do teu pai.