Bago a bago – 4
Às 7 e 20 da manhã já estava no olival com pequeno almoço e café tomado..
A madrugada estava fresca a pedir mais roupa, mas resisiti e poucos minutos passaram até que reiniciasse mais uma dia na azeitona. Perguntar-me-ão a razão desta minha luta? A resposta pode ser enccontrada naquela época em que no povoado, onde vivi algum tempo, o azeite sempre foi algo de muito importante.
Primeiro... para dar a luz, já que nesse tempo a electricidade era uma mera miragem. Depois a conserva. Quem nunca comeu um belo de um queijo de azeite? Haverá algo mais saboroso e genuíno? Sinto que não.
Já para não falar das chouriças ou do negro que ficavam tempos infindáveis, naquele vasilhame de barro, até que fosse necessário para se comer.
Os próprios eixos dos carros de bois levavam o azeite de forma a rodarem melhor e sem ruído. E deste modo o azeite serviu (e ainda serve) para mil aplicações.
Com a natural evolução o azeite passou, essencialmente, a ser um produto de mesa e pronto a comer ou somente a ser saboreado.
Entretanto no campo corre uma aragem moderada que não é suficiente para deitar abaixo a azeitona, Só mesmo a alfaia eléctrica o consegue!
Após o almoço mais oliveiras, mais azeitona, mais máquina, mais mudança de panos, mais escolha, mais tanta coisa que o dia parece curto.
Pelo chão vão ficando os montes de rama cortada da poda das oliveiras.
Assim que o sol se esconde por detrás da colina é tempo de arrumar a trouxa. No chão ficaram os panos carregados de azeitona por escolher. Porque por aqui ainda se acredita que ninguém pretende o alheio.
Outras crenças!