Bago a bago – 3
Desde que me lembro sempre soube de onde vinha o azeite ou como este era feito. Os meus avôs tanto de um lado como de outro, sempre tiveram muitas oliveiras. Especialmente porque o povo é pobre, sem grandes chãos para cultivo rico e assim a oliveira ganhou terreno e força.
Acrescento que na aldeia que me viu crescer houve em tempos dois lagares. Ora num povoado com pouca gente, mesmo assim, lembro-me dos dois trabalharem em simultâneo.
Como o mundo não pára, há uns anos fecharam e para nunca mais abriram. E é pena.
Mas ainda não chegou o dia de falarmos do lagar. Portanto passemos ao que realmente interessa no dia de que foi o de hoje.
Acordei muito cedo e muito cedo estávamos todos no olival (eu, a minha mulher, o meu infante mais jovem e um prrimo que nos ajuda nestas coisas).
O dia parecia mais fresco mas mui depressa percebi que o calor deveria vir, novamente, com força. E assim aconteceu. Pano então estendido debaixo da oliveira e quase no minuto seguinte começa a chover.
Pois não foi água, mas sim grossos bagos de azeitona arrancados à força de maquinaria…
Ah pois… que isto de andar a ripar azeitona à mão já tem os dias contados. Uma máquina faz numa hora o trabalho de dois homens para uma manhã. As varejadoras eléctricas são mesmo um grande avanço nestas alturas.
A fotografia não está grande coisa, mas brevemente mostrarei como este equipamento trabalha.
Ainda não era chegada a hora do almoço e já todos andávamos de tralhas às costas da carrinha para outra fazenda. Esta última finalmente dera "uns meros20 sacos de azeitona... Muito acima da espectativa.
O dia foi aquecendo, mas a equipa não esmoreceu e no final do dia tinhamos o mesmo número de sacos apanhados no dia anterior. Amanhã supostamente sem grandes viajens seremos capazes de arrebanhar mais uns bagos de azeitona.
Ao todo 30 sacos haviam sido já panhados.Não é realmente mau. O problema são as minhas costas já que todo o dia carrego a varejadora às costas.
O azeite pode ter sido em tempos um produto comezinho. Todavia hoje é rei numa mesa.
Entretanto antes de ser rei há escravos a trabalhar para ele.