As ilhas perfeitas - dia II
O dia acordou com Sol e uma temperatura branda tão característica da ilha, mas sempre com aquela estranha humidade a invadir-nos!
Tinha a consciência que seria um dia especial e vai daí iniciei pelo Museu da Fábrica da Baleia do Boqueirão onde percebi a razão porque a busca pelos cachalotes era tão importante na economia dos ilhéus.
Tempos duros de um risco sempre patente e a vida presa por um laivo de sorte ou azar! Muitos por lá ficaram, mas os que regressavam, sentiam que deviam agradecer ao Altíssimo tamanha façanha. Daí haver tantas festas, tantos impérios (pequenas oradas) consagrados ao Divino Espírito Santo, quase sempre criadas para agradecer.
Bom adiante que temos caminho para percorrer...
De viatura nas unhas toca a subir montes atapetados de... verde e vacas,
até chegar a um cruzamento de dizia simplesmente: "Lagoas". Incentivo suficiente para virar e procurá-las. Poucos quilómetros à frente eis que surge a primeira lagoa ou como chamam comummente na ilha Caldeira. Esta é a Caldeira da Lomba.
Um sítio calmo, sereno e sem grande aparato turístico. A estrada de acesso apresenta esta singela beleza,
Um caminho ladeado de frondosas árvores. Não percebi se eram cliptomérias ou eucaliptos californianos ou simplesmento cedros. Mas também não procurei saber.
Logo a seguir, um par de quilómetros mais à frente, novas caldeiras com dois miradouros, um de cada lado, onde se observam duas belíssimas lagoas: a Caldeira Funda e a Caldeira Rasa. A primeira está a uma altura de 368 metros acima do nível do mar,
e a segunda a perto de 600 metros de altura.
A foto seguinte demonstra a diferença de alturas das duas lagoas.
Saí daquele lugar tão fascinante para a vista como para o espírito e segui até à povoação mais próxima: Fajâzinha.
Uma aldeia rodeada por beleza por todo o lado, muito activa já que tem uma queijaria muito boa da D. Ilda, uma Filarmónica, restaurante e outrossim algumas casas fechadas e outras abandonadas. Afirmam convictos os mais velhos que os jovens partem para longe para estudar e nunca mais regressam...
No imo da povoação uma belíssima igreja de um azul celeste muito bonito.
No seu interior, ao invés de outros templos açorianos a pedra principal da edificação não é o negro basalto, mas uma espécie de mármore branco com uns singelos laivos negros. O seu interior é singelo, mas encontra-se bem estimada.
Subi a estrada até apanhar o caminho para a Fajã Grande onde iria almoçar. Mas antes uma visita especial para abrir o apetite para o que seria a tarde!
Uma queda de água que só pára numa pequena bacia onde muita gente toma banho...
Depois a água corre por entre pedras, simplesmente até ao mar!
Umas pequenas levadas roubam alguma desta água alimentando o que em tempos terá sido um moínho.
Veio finalmente o almoço e de seguida a visita a um local muito especial: a aldeia da Cuada!
Diria que aqui a vida que os florentinos deixaram nos anos 60 tomou novamente forma e pujança. Um conjunto de casas originais em pedra, num local idílico próprio para quem quer viver a vida em paz. Interior e exterior.
As casas da aldeia mantêm a traça original e à entrada o nome do último residente, Por dentro foram recuperadas de forma a terem conforto. Sei que marcar para esta aldeia um alojamento é deveras difícil e caro, mas pode-se passear por entre ruas e ruelas sem qualquer problema.
Tem uma pequena capela e o sossego do local é fabuloso.
Voltei à estrada principal para parar um pouco mais à frente. Diversos carros edtacionados sinal que muita gente andaria por ali.
Uma seta indica "Poço da Ribeira do Ferreiro", mas os locais chama-lhe unicamente "lagoa dos patos". Cerca de seiscentos metros a subir por um caminho muito irregular e de um grau de dificuldade acima da média! Pelo caminho encontramos diversas levadas com muita água que se cruzam por debaixo das pedras do caminho. Sobe-se, sobe-se e parece que o caminho não vai dar a lado nenhum.
Até que passado esta espécie de pórtico mágico deparamos com isto:
É um momento único! Simplesmente sublime!
Nem mesmo o cagarro, ave prima da gaivota, que por ali deambulava percebe a beleza do local.
Não sei quanto tempo ali estive, mas se pudesse morreria ali...
Descer tornou-se muito mais fácil,
Finalmente na estrada em busca de mais lagoas. Estas...
A Lagoa Escura e
a Lagoa Comprida!
O dia caminhava para o fim... ou seria para o início de uma paixão por esta ilha?