As ilhas perfeitas! - dia I
Nota de abertura:
Quando em 2018 visitei pela primeira vez o local mais ocidental da Europa, fiquei tão impressionado com estas duas ilhas que nem consegui escrever algo como deveria ser. Todavia desta vez não irei fugir à responsabilidade de partilhar com todos o que vi através das fotografias, mas outrossim dar conta das minhas impressões escritas. Termino esta nota aconselhando aos que nunca foram à ilha das Flores e ao Corvo que o façam quanto antes! O Turismo é muito importante, é certo, para a economia da região, mas desde que não estrague!
Chegada!
Cheguei às Flores por volta da hora do almoço. Chovia uma água forte que durou pouco para mais tarde voltar a repetir. Sentia-se uma temperatura muito agradável, no entanto pairava no ar uma humidade, diria que... tropical!
Descarregada a mala no apartamento espaçoso, agradável e central, logo procurei onde comer. Lapas e queijo para entrada seguido de um lírio (ou írio) grelhado.
Como só tinha meio dia para andar decidi viajar pela costa oriental, quase sempre bem acompanhada pela ilha do Corvo que se via perfeitamente no horizonte, se bem que por vezes o tempo nublado quase tapasse a paisagem.
A estrada é boa, mas convém andar devagar para se poder apreciar a beleza das vistas. E logo ali dei conta que as hortenses se sobrepunham em beleza e profusão.
Curioso também a foto seguinte onde as vacas (o superior sustento da maioria dos florentinos) convivem com as flores sem lhes tocarem. Também terão melhores opções...
O verde entretanto é a cor predominante em toda a ilha...
Esta costa é muito recortada, escondendo nos seus recortes e bacias grutas e outras maravilhas que veremos mais tarde.
Os pequenos e grandes ilhéus todos de origem vulcânica parecem nascer do mar.
Pelo caminho encontrei também quedas de água de denunciam a fartura de tão maravilhoso e escasso líquido,
que irá engrossar pequenas ribeiras e desaguar no imenso mar!
Lentamente fui-me aproximando da pequena vila de Ponta Delgada, povoação que se espraia junto ao mar, qual Fajã!
Mas antes Ponta Ruiva, um lugar pobre, humilde, mas com... um museu.
O dono abriu-me a porta com a acostumada simpatia dos florentinos e deixou-me deambular pela pequena casa escura desarrumada e suja, mas ainda assim com alguns objectos curiosos nomeadamente as alfaias agrícolas locais. Contou-me que fora o avô Machado que dera início à junção do espólio. O neto manteve e mantém o ideal!
Como disse aproximava-se a povoação de Ponta Delgada (nota à margem: nos Açores é costume repetiram-se os nomes das povoações! p.e. Ponta Delgada, Lages, Fajã, Faial...) e surgiram diversos miradouros para as terras, fajãs unicamente acessíveis a pé, para o mar e obviamente para o Corvo que na foto infra mal se percebe devido às nuvens.
Entretanto as hortenses continuam a dar razão ao nome da ilha.
Desci a estrada até, ao que parece ser, um pequeno porto para os pescadores artesanais. Num largo onde a estrada acaba, um melro habituado certamente ao homem já nem foge.
A tarde compunha-se e foi a hora de regressar à vila, capital da ilha. Mas ainda deu tempo para visitar uma zona balnear, obviamente sem areia, mas com bons passadiços de acesso.
Até aqui, a meia dúzia de metros da água salgada e por entre a rocha basaltica, as plantas crescem viçosas.
No fundo por esta ilha tudo cheira a vida e abundância!
Até o mar é hoje fonte de vida quando há muitos anos este foi um local de morte com a caça ao cachalote.
Este local, já dentro da vila, chama-se Boqueirão, onde em tempos foi uma fábrica de transformação dos cachalotes e hoje é um belo museu dedicado àquela faina!
Fechei por fim o dia (ou foi a noite?) a escutar o ensaio dos cantares dos "irmãos da confraria do Divino Espirito Santo", festa que se realizou neste fim de semana!