Apanhar azeitona: porquê?
Há uns tempos alguém aqui na aldeia onde me encontro por estes dias de Outono me perguntava, quando se falava de azeitona:
- Porque vens de Lisboa de propósito para a apanha?
Poderia ter-lhe respondido de forma quase filosófica ou então de uma maneira bruta e mais assertiva. Porém respondi-lhe com sinceridade, o que fez com que ficasse mais atrapalhado, já que pensou que teria uma outra resposta para lhe dar:
- Venho porque... gosto!
A ideia de alguém gostar de apanhar azeitona pareceu-lhe provavelmente invulgar, mas acima de tudo uma ideia parva. Imagino mesmo que o terá comentado para si mesmo.
Mas desconhece esta gente que cresci no meio de oliveiras e azeitona, porque na aldeia onde não nasci, mas fui criado era o negócio de quase todos. Desse tempo guardo ainda as pias de pedra onde a minha avó guardava todo o azeite. E quando chegava o inverno e o frio coalhava, o cada vez mais precioso líquido, era vê-la de cafeteira com água a ferver e colocá-la do cimo do azeite coalhado de forma a rapar o suficiente para temperar a comida.
O tempo passou célere e as pias, que ainda existem, têm uma função mais decorativa, já que o azeite vai ficando nas bilhas de plástico até ser utilizado.
Hoje choveu muito por aqui, especialmente de manhã. Todavia a equipa que me acompanha manteve o ritmo que podia, até irmos almoçar.
De tarde tudo mudou e já se pode trabalhar melhor!
Este trabalho fica-me caro. Provavelmente mais caro que ir a um supermercado comprar uma garrafa de azeite.
Só que ter aquela certeza do que estou a comer e do que me custou a apanhar tem um valor incalculável a que muitas pessoas não darão valor!