A morte dele... em mim!
Falar do meu desaparecimento deste mundo é algo que não me atormenta!
Sei que a ceifeira é uma das duas certezas da minha vida (a outra será sempre o meu imutável passado) e portanto olho para aquela de forma (quase) natural!
No entanto quando sou confrontado com a morte dos outros, nomeadamente quando ainda deveriam estar vivos por serem novos, fico sempre circunspecto e triste.
Hoje soube da partida de um antigo colega. Teria mais ou menos a minha idade e reformara-se um pouco antes de mim. Trabalhámos muitas vezes em colaboração e isso fez com que nos tornássemos, para além de colegas, bons amigos!
Desconhecia que estava doente e daí nunca ter perguntado a ninguém pela sua saúde. Quando hoje soube da sua morte tive realmente um choque.
Mas será sempre alguém que não esquecerei, muito à maneira de Jorge Luís Borges, já que há muitos anos comprei um daqueles telefones antigos de disco, mas faltava uma peça. Tendo em conta que era com ele que falava dos telefones no trabalho, perguntei-lhe se teria no seu lixo que guardava algo que servisse naquele equipamento. Disse que iria ver e levou parte do disco com os números mas nunca devolveu. Por isso quando de futuro olhar para o dito equipamento incompleto lembrar-me-ei sempre dele!
E sorrirei porque sei que ele, lá onde estiver, também deverá estar a sorrir!
Descança em Paz, companheiro!