A ditadura do “não-pensamento”
O homem é um ser pensante. Isto é, somos os únicos animais que usamos o cérebro para além das funções primárias de sobrevivência da espécie.
Alguém pensa numa ideia, amadurece-a, verbaliza-a com outros ou então escreve-a unicamente. O passo seguinte servirá para debater, discutir, contrariar ou aceitar. E finalmente, se for caso disso, colocar a ideia em prática.
Porém este Mundo de muitos teres e poucos ou nenhuns seres, originou que muitos, deixassem, somente para alguns, a louca responsabilidade de pensarem… por eles.
Se formos a ver, pensar uma ideia dá um trabalho descomunal, essencialmente se ela for bem definida e anormalmente assertiva. Já para não falar da coerência que se deseja entre o desejo para a ideia e a acção individual.
Portanto endossa-se a outros a tal função…
Só que há quem goste de pensar pela sua própria cabeça, independentemente daquilo que possam dizer. Enfrentam, por isso, diversos inimigos que detestam este tipo de… seres humanos.
E esta postura antagónica observa-se nos locais de trabalho, na política, na religião, na sociedade civil.
Assumo sem rodeios que sou um desses indivíduos pensantes, já que não procuro seguir as ideias que me são propostas sem as entender primeiro. E na maioria, reconheço, não as entendo...
Talvez por isso e como católico seja, por exemplo, contra o celibato obrigatório dos padres ou a favor do uso do preservativo. Tal como na política, onde também tenho pensamentos muito próprios sem estarem associados a quaisquer partidos ou ideologias.
Seremos quiçá poucos os que, como eu, olham a vida com pensamentos bem definidos. Essencialmente numa época em que o Mundo é inundado por uma profusão de “fait-divers” com o único intuito de desviar as atenções dos assuntos realmente importantes.
É neste limbo estranho de demasiados equívocos e de pouquíssimas verdades que vive a maioria das pessoas. Ainda por cima acreditando piamente em bizarros conceitos.
Portanto paira sobre todos nós uma espécie de ditadura do “não-pensamento”, imposta por políticos, televisões, rádios, jornais, redes sociais, “opinion makers”, revistas e sei lá quem e o quê mais. Estes serão assim os únicos donos da verdade... (dizem eles!!!)
Concluo este desabafo com a noção perfeita de que quem tenta abrilhantar a sua vida (e de outros!) com novas ou diferentes ideias arrisca-se a ser massacrado por aqueles que usam a cabeça unicamente para transportarem o cabelo.
E alguns, coitados, nem isso…