À boleia de outros textos!
Li com gosto este belíssimo naco de prosa do João-Afonso que me deixou quase invejoso das noitadas coimbrãs que jamais conheci, mas ao mesmo tempo divertido, depositando no meu espírito aquela bactéria de que é feita muita da escrita e que dá pelo nome de ... desafio.
As boleias da minha vida! Quem diria?
Um tema provavelmente interessante em outros gabirus, mas neste finório não passará de meras aventuras de palmo e meio. No entanto e para não ser juiz em causa própria eis-me a esgalhar esta prosa, tentando trazer à minha memória eventos que me marcaram para a vida.
Também andei à boleia como era apanágio nos anos 70, até porque não tinha carta, dinheiro ou carro para escolher outras opções que não fosse muitas vezes... a dita.
Curioso que em 1984 Roger Waters editaria o seu primeiro album a solo sob este curioso título: The Pros and Cons of Hitch Hiking e que se tornou um sucesso. Mas isto são outros "quinhentos"...
Mas voltando às minhas boleias recordo que a primeira começou nos escuteiros. Naquele tempo não havia limite de passageiros ou se havia ninguém ligava. Assim para certo acampamento acabei, mais não sei quantos jovens, enfiado num Morris 1300. Mais as mochilas e tendas, ainda hoje estou para perceber como coubemos todos.
Mais tarde fui à boleia para a Costa de Caparica num Ford Consul de origem belga tal como o dono e filhos, com uns amigos. Qual o problema? O condutor pesaria sem qualquer favor 150 quilos, a filha 100 e o filho 120. Imagine-se o espaço que ocupavam e o que sobrou para 4 ou 5 jovens lusos. Outras magrezas!!!!
Até 1987, quando adquiri o meu primeiro carro novo pela módica quantia de 1440 contos (nas contas de hoje pouco mais de 7000 euros), tive de andar sempre à boleia. De amigos, familiares e desconhecidos.
Mas em algumas dessas boleias conheci gente muito interessante. Lembro-me de ter andado também num Mini 1000 de alguém que era na altura director geral do tesouro.
Um dia parti, nem sei como tal era bebedeira, de Almada e parei em Moura onde fiquei uma série de dias... com a mesma roupa! Estão a imaginar não estão?
Não fossem umas jovens... que nos socorreram!
Bons tempos, boas recordações, grandes boleias e obrigado João-Afonso!