À beira-mar
Neste tempo de descanso a praia é local obrigatório.
Um dos meus momentos preferidos corresponde àquele singelo desejo de ficar a olhar a linha do horizonte, muito para lá dos banhistas que vão saltado com as ondas.
Naquele traço invisível, onde o azul esverdeado do mar se cola ao anil plúmbeo do firmamento fica, quiçá, a minha esperança. Enquanto as crianças saltam e brincam nas pequenas ondas que vêm lamber a areia fina, eu perscruto o meu pensamento com questões para as quais não encontro qualquer resposta.
Todas elas vão encontro de mim, do que fui, do que sou e do que poderei ser… ainda. Tenho lido amiúde diversas partilhas de gente que sonhou desafios e que conseguiu que o sonho se tornasse realidade.
Também eu, já com uma idade para nem dormir quanto mais sonhar, também eu repito, tenho sonhos.
À beira-mar enquanto a água quase tépida me molha os pés assumo os (mesmos) receios de um jovem imberbe. Será que tenho coragem suficiente para caminhar? O que será que o futuro me tem reservado? Serei competente suficiente para saber lidar com o que pode surgir, seja ele bom ou mau?
Não temo a morte ou a doença. Nem os desafios! Somente receio que jamais seja naturalmente competente para os enfrentar com a lucidez que os anos já me deviam ter ensinado.
Sou um homem simples e como já escrevi por aí nem procuro muito da vida. É esta que por vezes me coloca perante dilemas e desafios.
Pois é… à beira-mar, olhando a linha do horizonte onde o azul esverdeado do mar se cola ao anil plúmbeo do firmamento, penso em cada coisa…