O mês das flores, de Maria, das mães, do coração, do Pirilampo Mágico.
Entretanto a época balnear parece já terá iniciado em algumas praias.
O Verão, portanto, aproxima-se. E com este o terror dos incêndios. Que começa com uma batalha entre Estado e empresas prestadoras de serviços de extinção de incêndios. O costume, enfim!
Face a estes dados fico sem perceber:
1 – quem irá combater os fogos, por via área, neste Verão?
2 – quem irá ajudar os Bombeiros no combate terrestre?
3 – a quem compete a campanha para poupar água?
O governo aguardará pelos eventos para os ir gerindo, numa espécie de governação “à vista”. Prevenir e acautelar parecem ser palavras abolidas do principal léxico governativo.
Porque as limpezas dos matos à volta das povoações já eram obrigatórias, muito antes das tragédias do ano passado. Mas claro o que realmente interessa à geringonça é fazer de conta… que tudo está sob seu controlo.
A Comissão Técnica Independente apresentou recentemente na Assembleia da República, o relatório sobre os incêndios de Outubro passado, que vitimou mais de quatro dezenas de pessoas.
Não li o relatório, mas parece que neste caso o calor invulgar da época não foi a única razão para tamanha tragédia. Os detalhes técnicos ficarão obviamente para os entendidos escalpelizarem.
O que realmente se retira deste relatório é que no meio de tanta organização, tanto Ministério, tanto governante, ainda assim não houve ninguém, na altura, capaz de dar um murro na mesa de forma a minimizar as desgraças. Sacudir a água do capote foi sempre apanágio desta lusa geração política.
Todavia o mais curioso que tenho vindo a constatar é o enoooooooooooooorme silêncio da esquerda. Ninguém da geringonça veio a terreiro pedir demissões, ninguém exigiu explicações, ninguém se preocupou em apurar responsabilidades.
Este é, deste modo, um governo de ruidosos silêncios onde a palavra de ordem continua a ser:
“A luta continua, mas o governo não vai para a rua!”
Foi superiormente decidido pela geringonça que as matas teriam de estar limpas até ao passado dia 15 de Março. Mas não fosse o Senhor PR falar em eventual adiamento, provavelmente já existiriam por aí algumas coimas passadas.
Dificilmente esqueceremos as tragédias do ano passado, com mais de uma centena de mortes, a queda de ministros e altos responsáveis, como se estas demissões relevassem todos os erros cometidos.
Já aqui escrevi que o problema dos incêndios não se resolve por decreto. Há que pensar e assumir o que será melhor para a nossa floresta.
Eu, muuuuuuuuuuuuuito antes dos ditos decretos e prazos, fiz a minha parte derretendo milhares de euros nas fazendas do meu pai, de forma a evitar males maiores. Alguns destas intervenções foram feitas sob a capa de projectos, apresentados e aprovados pelo PDR2020.
Mas que nunca tiveram cotação orçamental.
Entretanto parece que o prazo para o corte foi prolongado. Todavia retenho ainda uma questão: as matas nacionais que são património do Estado estão todas limpas?
O senhor Ministro da Agricultura deve saber responder.
Após um Verão e um Outono impetuosos em calor e sem pinga de chuva que amenizasse a canícula, eis que aquela chegou finalmente. E por aquilo que se tem visto e sentido, veio com vontade.
Ora bem, da mesma forma que o calor queimou, dizimou, matou tudo ou quase tudo por onde passava maioritariamente através dos incêncios, agora é a vez da chuva e do vento, numa conjunção também ela tenebrosa e segundo as últimas notícias já mortífera, de fustigarem Portugal de lés a lés.
Se por um lado as terras, ribeiros e barragens agradecem a pluviosidade, a verdade é que esta intempérie está a deixar um rasto de destruição, quer seja através de pequenos tornados, impensáveis que existissem há uns anos em Portugal, quer através da fortíssima agitação marítima que tem fustigado a costa portuguesa.
Por fim se somarmos os tristes casos do Verão passado às batégas quase diluvianas que têm caído por quase todo o país, podemos concluir que o ambiente em Portugal está claramente muito alterado e sem grande capacidade de previsão pelos especialistas, pois pode-se calcular a vinda da chuva ou até do calor, mas nunca ninguém será capaz de prever os fenómenos associados às intempéries, sejam eles ventos de Inferno ou de Inverno.
A questão que levanto neste título pode ter diversos alvos.
O problema do Verão passado com a morte de mais de uma centena de pessoas e o dizimar de diversas manchas florestais, algumas delas com centenas de anos, levou a que o actual governo acabasse por ordenar a limpeza de matas tanto ao redor das povoações como ao lado das estradas.
Mas das duas uma ou os responsáveis não percebem da coisa ou então estas leis servem somente como propaganda política, já que é sabido que os fogos nas florestas se propagam, na maioria das vezes, pelas copas e não pelo chão.
Todavia o essencial continua por resolver. A nossa floresta mediterrânica com este tipo de pinheiro bravo carregado de resina é altamente combustível o que ajuda ainda mais à propagação dos incêndios. Prevenção é necessária, mas antes de mais será útil que cada região, cada Câmara, cada Freguesia conheça a fundo o seu parque de árvores e para cada um se apliquem medidas diferentes, conforme as árvores, os caminhos, as equipas de sapadores, etc.
Não basta falar, ordenar. É necessário entender os erros do passado para não se repetirem no futuro mais ou menos longo.
Portanto salvar o quê? Eis a questão principal: o governo, a floresta ou as pessoas...
Após um fim de semana para jamais esquecer é tempo de “Pombalizar” a floresta, as povoações quase derretidas e naturalmente as famílias afectadas.
Então por onde começar? Pelas gentes… obviamente! Enterrar os que morreram, cuidar dos feridos, ajudar a reconstruir o património urbano e humano dos que sobreviveram. Depois, recuperar o tecido económica das regiões envolvidas e finalmente olhar para a floresta ardida.
É então na floresta que assenta o futuro mais longo e justamente o mais complicado. Todavia para tal será necessário fazer as perguntas certas, a saber:
- que floresta queremos?
- que floresta necessitamos?
- quem deverá proteger a futura floresta?
São três questões simples, mas que deverão fazer sentido às autoridades competentes, num futuro mais ou menos a médio/longo prazo.
Os eucaliptais regeneram-se naturalmente. Portanto não contam para esta contabilidade. Restam os pinheiros bravos, mansos, castanheiros ou carvalhos que queimados dificilmente regeneram.
O Instituto que tem nas suas mãos a responsabilidade da Conservação da Natureza tem de colocar todos os seus técnicos no terreno de forma a perceber quais as reais necessidade e urgências de cada zona. A burocracia dos gabinetes vai ter de esperar. Porque agora é o momento de pôr mãos à obra e reerguer um país queimado por dentro e por fora.
É notícia permanente em todas as estações de tv e rádio: o país está a arder!
Pior que os fogos e as vítimas que ele acaba por fazer é esta incapacidade de lutarmos contra este flagelo, que todos os anos ensombra o Verâo lusitano.
Ele é o Primeiro Ministro e o Presidente da Républica, os Presidentes de Câmara das regiões vitimadas e os Comandantes das corporações, todos falam e acham que têm razão.
Mas o fogo seja ele colocado por mãos criminosas ou oriundo de razões naturais não entende nada de leis e nem se preocupa de quem são as coisas e de quem tem ou não razão. Queima e pronto!
Não há soluções perfeitas para estes casos, mas devia de haver vontade de os resolver. Duma vez por todas...
Já fiz esta pergunta algures: a quem serve estes incêndios?
Saibam responder e talvez saibam encontrar a solução.
O texto acima foi escrito por mim faz hoje precisamente 7 anos. Como podem comprovar aqui.
Conseguem perceber alguma diferença entre esse ano e o de 2017?
Muitas dos cidadãos que vivem nas grandes cidades e já sem qualquer ligação ao interior, olham para estes fogos com muita pena, para logo a seguir esquecerem o que acabaram de ver e se preocuparem com o novo reforço do Alguidares de Baixo. Ou então como será que a Xica vai contar ao pai que é um homem na nova telenovela "Bruto com'as portas"?
Estes parecem ser os verdadeiros problemas dos citadinos. Tudo o resto são desgraças e como tal "não posso ver porque sou muito sensível..."
Só que para além destes há quem sinta, como se fosse na sua pele, estas catástrofes que vão incendiando o nosso quotidiano.
Todas as manhãs, assim que me levanto, vou tentar saber como está a situação dos incêndios. Infelizmente as notícias não são na sua maioria muito boas.
Esta minha preocupação prende-se obviamente com a minha íntima relação com o campo. Se bem que tenha nascido em Lisboa desde sempre me relacionei com a aldeia de uma forma muito directa. Por exemplo ali comecei a trabalhar à jorna, no Verão, de sol a sol e a ganhar cem escudos por dia.
Esta minha ligação ao mundo rural fez de mim um homem diferente e conhecedor da dureza do campo. Fui assim talhado nesse espírito que moldou tanto lavrador luso.
Talvez por isso olhe para o que tenho, que é muito pouco, e sinta uma certa alegria de penetrar naquilo que é meu. Deste modo desde o final do ano passado investi muito dinheiro e tempo no amanho das terras, até agora improdutivas. De tal forma que me empenhei financeiramente para o fazer.
Durante fins-de-semana quase seguidos corri para a aldeia de forma a poder limpar o que havia sido cortado, antes que viesse o Estio. Fiz algumas coisas, mas não todas. O tempo escasseou!
Todo este discurso para dizer o quê? Simplesmente para afirmar com profunda tristeza, que me dói o coração ao ver tanta e tanta gente ficar sem os seus pertences, por causa do fogo. Vidas destruídas em minutos que levaram dezenas de anos a erguer...
Todos os dias leio as declarações dos políticos, sejam eles de esquerda ou de direita, e oiço muita gente a afirmar que é necessário reformar a floresta.
Eu avanço com outra ideia: reformem estes políticos. Envie-mo-los para as frentes de incêndio para saberem o que é combater um fogo. Punham-mo-los com uma enxada na mão a cavar o chão para que o fogo não alastre. E acima de tudo responsabilize-mo-los politica e civilmente por não fazerem com competência o trabalho para que foram democraticamente eleitos.
Até esse dia, que acredito que aconteça, vamos assistindo à amargura dos que ficam sem nada.
Já em 1666 grande parte da capital inglesa foi destruída, após um incêndio ter iniciado numa velha padaria.
Anos mais tarde erguer-se-ia uma coluna com 61 metros de altura - The Monument - que é igual ao número de metros do local onde teve início o incêndio, para relembrar esses sinistros três dias de Setembro e a reconstrução da cidade.
Agora foi num segundo piso e alastrou rapidamente ao restante edifício. Nos tempos que correm parece-me coisa realmente muuuuuuito estranha...
Após terem incendiado a Europa com o Brexit foi a vez de um prédio na cidade Londrina.