Moro numa zona residencial às portas da capital, repleta de moradias.
A minha rua tem apenas um sentido e daí ambos os lados da rua estarem, ao fim do dia, repletos de carros estacionados.
Um destes dias percebi que um dos meus vizinhos barafustava com veemência por encontrar o seu carro com um enorme vinco na chapa, começando este bem na frente e acabando já depois da portinhola do combustível.
Na verdade tem todo o aspectro de ser um acto selvagem que não lucra a ninguém (quiçá os pintores de automóveis!!!). Depois fiquei a pensar que o meu dito vizinho colocou-se a jeito para que tal acontecesse, já que a moradia tem uma garagem e um espaço à frente onde poderia, se quisesse, estacionar os dois carros que tem, sem arriscar a qualquer malvadez.
Vim a saber, à posteriori, que outros proprietários queixaram-se do mesmo problema. Na verdade a maioria dos moradores da minha rua não estacionam os seus carros nas garagens, preferindo ocupar com os seus veículos o espaço na estrada, quando não é no próprio passeio, obrigando desta forma os peões a sairem para a estrada.
Por meu lado guardo sempre o carro na minha garagem assim como faz o meu filho que mora na mesma rua, mas nuns números abaixo.
O prolema é que estacionar os carros numa garagem dá trabalho, muito trabalho. Essencialmente se esta estiver repleta de artefactos de divertimento, sejam mesas de snooker, matraquilhos ou simples mesas para refeições.
Esta manhã bem cedo fui ao pão, mas necessitava de dinheiro, portanto fui a uma ATM. Levantei o que necessitava, mas não pudeixar de reparar em diversos talões de levantamento que alguém por ali deixou. Se não o queriam levar poderiam ter evitado gastar papel, certo?
Conclusão: devem gostar que os outros saibam das suas misérias financeiras!
Regresso a casa a pé, como o faço quase sempre. Aproveito para perceber a evolução das construções de diversas moradias. Mais à frente há um caixote do lixo que tem atrás um aviso onde diz dá direito a coima despejar naquele local inertes urbanos. Todavia ao redor do caixote pude encontrar desde bocados de mobílias a restos de desperdício.
Conclusão: alguém não deve saber ler, tem falta de vista ou então anda a arriscar uma coima!
A meio da manhã fui à praia. O mar por esta altuira estava bravo sinal das marés vivas do final do Verão. A bandeira encarnada estava assim hasteada sinal de que os banhos estariam proíbidos. Estava à beira-mar quando noto um cavalheiro a entrar no mar de forma afoita. Sem medos e também obviamente sem responsabilidade. Entretanto o vigilante fez soar o apito e chan«mou o banhista, que não pareceu feliz.
Conclusão: ou há ainda quem não saiba o significado das bandeiras balneares ou adore chamar a atenção.
Por estes singelos casos reonheço que o povo ainda tem um longo caminho a percorrer... até á cidaddania responsável.
Acordei e levantei-me cedo, aliás como sempre faço!
Tinha uma série de coisas para resolver e para fazer. Ora, tendo em conta que a neta chegaria excepcionalmente mais tarde, era o momento óptimo para dar despacho...
Às nove fui aos CTT, para um quarto de hora depois estar ao balcão do Banco e finalmente às 9 e meia entrei num supermercado para comprar somente iogurtes para a cachopa pequena.
Caminhava eu no sentido do Supermercado quando chego ao sinal de peões e este vermelho. Paro e espero que passe a verde, mesmo que não haja trânsito... Chega então a meu lado uma idosa airosa e apressada, já que não esperou pela esperança do sinal e toca a passar. Só que veio um carro e quase que a atropelava. O interessante é que a senhora ainda refilou com o condutor. Gravo a cena e fico a pensar: porquê a pressa, ainda por cima nesta idade? Pior... quando entrei na loja encontrei-a a mirar uma coisa qualquer. A pressa havia, portanto, desaparecido.
Já da parte da tarde quando me encaminhava para o hospital onde está um familiar próximo internado, é a minha vez, como condutor, apanhar uma jovem a atravessar fora da passadeira que estava a dois metros... Também com sinal vermelho. Passou imaculada!
Reconheço mais uma vez que eu como condutor detesto passadeiras, não pela sua utilidade, mas pela forma como é (mal) usada. Mas sou eu, pronto!
Todavia quando ando a pé respeito sinais e tráfego. Passo apenas quando ambos os sentidos me dão passagem e nunca me atiro para o alcatrão de branco listado!
Já não tenho idade e muito menos paciência para ensinar a população a andar, seja na rua ou na estrada. No entanto vou tentando ensinar através destes escritos e, acima de tudo, pelo exemplo. A começar pela neta a quem já vou ensinando estas coisas...
Se há alguma coisa que preocupa seriamente o cidadão português é a sua saúde.
Hoje estive com um familiar na urgência de um hospital público. O doente teve direito a pulseira laranja o que, em princípio, teria direito a ser despachado em pouco tempo.
O que quero chamar à atenção é sobretudo aos familiares e acompanhantes dos doentes que por aqui aparecem por "dácáestapalha". Na maioria são pouco pacientes e nem querem saber dos outros que chegaram primeiro ou que estão em poor estado.
Mas deixem-me assumir isto: se eu trabalhasse num hospital deste tipo nem que me pagassem o triplo eu estaria aqui a atender gente deste calibre.
É preciso muita coragem, mas muuuuuuuuuuita coragem para estar num serviço de Urgências deste tipo, sejam médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar ou seguranças.
Há muito que defendo a solução Novaiorquina de não se fumar na rua, nomeadamente em esplanadas, parques ou praças, não obstante o ar livre.
Em Portugal tirando alguns restaurantes, pastelarias e bares a rua tornou-se o sítio ideal para fumar. Em tempos referi o elevado número de pessoas que se concentram à porta dos seus locais de trabalho para queimarem o seu cigarro (e os pulmões). Adiante...
Ultimamente tenho dedicado as manhãs a passear a minha neta. O destino é quase sempre o mesmo: o parque infantil. Aqui há um escorrega, dois baloiços e outros apetrechos para a brincadeira. O chão é de uma matéria quase mole que não magoa as crianças nas normais quedas. São quadrados perfeitos encostados uns aos outros, quais ladrilhos.
Porém há entre eles alguns espaços onde se depositam areias, muitas folhas secas das árvores que rodeiam o parque e... demasiadas pontas de cigarros. Um horror!
Ora uma criança é um ser curioso por natureza e vai daqui aquele rolo pequeno no chão que quase se assemelha ao giz que tem em casa é um chamariz (rima e é verdade!!!). De tal forma que num ápice a minha neta apanhou uma ponta de cigarro do chão para brincar.
Rapidamente a tirei da mão e avisei-a para não apanhar aquilo do chão pois era sujidade (ela já entende estas coisas, mulheres!). Voltou para o escorrega enquanto eu fui tentando perceber a quantidade de beatas espalhadas no chão de um parque infantil que poderia ter muita coisa menos... cigarros.
Ainda me custa entender como uma mãe ou pai acompanham as suas crianças ao parque de cigarro em punho. Para depois o largarem no local onde as suas crianças e as dos outros irão brincar!
Hoje atravessei a ponte 25 de Abril por duas vezes. A primeira de Norte para Sul, a segunda no sentido inverso. Se juntar os tempos desde que saí até que cheguei ao destino, diria que da primeira vez gastei cerca de 45 minutos de porta a porta e no regresso demorei mais de hora e meia.
Não percebi a origem de tanto trânsito no regresso à capital pelas seis horas de uma tarde quente (o meu carro marcava às 18 horas e 45 minutos perto de 30 graus).
Entrei em fila bem longe da Ponte, ainda nos acessos ao final da A2, mas deu para perceber como o povo automobilista continua a ser... uma verdadeira besta na estrada.
Respeito, cidadania, educação são palavras que os anormais condutores aboliram do seu léxico e muito mais das suas atitudes. Na estrada vale tudo: cruzar riscos contínuos, entrar na fila à frente de muita gente de forma abrupta, atravessar-se na estrada evitando que outros passem de forma a deixar fluir o trânsito, apitar a todos, são alguns dos (maus) exemplos a que assisti hoje. Já para não falar do excesso de velocidade, especialmente nas auto-estradas, que continua a ser uma constante, colocando outros em perigo.
Que eles se estampem não me preocupa... o que eu não gostaria era de ser envolvido nalgum acidente devido à irresponsabilidade de uns condutores, que após sairem das suas viaturas estranhamente se transformam em verdadeiros cordeiros.
Urge,portanto, corrigir estas atitudes pouco civilizadas.
Que só abrandarão se, em vez de multas, as autoridades apreenderem as viaturas. Seria uma boa maneira de alguns condutores passarem a conduzir de forma mais calma. Porque multas... raramente são pagas!
Nunca percebi muito bem a relação que os homens têm com as suas viaturas. Para a maioria daqueles um carro é uma extensão de si mesmo, como se fosse mais um braço, uma perna, um orgão.
Serei provavelmente a excepção já que a minha viatura é um simples objecto para meu uso tal como é este portátil onde escrevo estas pobres palavras ou o telemóvel através do qual me ligo a tanta gente.
Mas esta estranha relação entre carros e respectivos condutores quase sempre culminam em acidentes, por vezes graves. Essencialmente porque os condutores consideram-se os melhores do mundo e consequentemente perfilam da ideia de que as suas viaturas como... imbatíveis.
Talvez seja por tudo isto que quando conduzo, principalmente nas vias mais rápidas, noto que há cada vez mais gente a andar (demasiado) depressa, como se fugissem de alguma coisa. E nem vale a pena as sucessivas campanhas das autoridades contra o excesso de velocidade, pois nenhum desses automobilistas apressados sente que a campanha é para eles e somente para os outros, quando no fundo é para todos os que andam na estrada!
Ainda no seguimento deste postal chegou até mim esta estória real de vida.
Uma mãe deixou o seu filho numa ama, como todos os dias em que trabalha. Essa senhora tem outras crianças consigo. A determinada altura a ama soube que estava infectada com Covid-19, mas em vez de comunicar aos pais a sua situação de doença vírica, calou-se e deixou que tudo eventualmente passasse por entre os pingos da chuva.
Obviamente que as coisas correram mal, já que as crianças que tomava conta foram infectadas que por sua vez infectaram pais e mães e estes colegas e outros familiares.
Tudo porque alguém não fez o que lhe competia que seria simplesmente isolar-se e não ter mais contactos com as crianças a seu cuidado.
Dos números de infectados que diariamente tendem a crescer quantos se devem à incúria de pessoas como a senhora irresponsável aqui referida?
Uma coisa é sermos infectados sem o sabermos e andarmos por aí involutariamente a disseminar o virus, outra é termos conhecimento da situação e não ligarmos patavina às indicações das entidades de saúde, originando com isso uma disseminação com consequências imprevisíveis e quiçá catastróficas...
Hoje fui fazer testes antigénio à farmácia mais a minha mulher. Correu tudo como previsto e o resultado manteve-se como até aqui: negativo!
A seguir a nós entrou um outro casal bem mais velhos que nós e que logo deram sinal de estarem positivos.
O estranho é que uma hora depois encontrámos o mesmo casal em amena cavaqueira na rua com vizinhos se bem que com máscara, mas ainda assim sem os cuidados que deveriam ter que seria estarem isolados em casa.
É esta pobre consciência cívica que me parece ser o calcanhar de Aquiles dos portugueses, pois continuam a não acatar os conselhos médicos e das demais organizações especializadas (vulgo Direcção Geral de Saúde). Porque consideram que os seus interesses estão acima de qualquer lei e neste caso do bom-senso,
Reconheço que no início desta pandemia considerei que tudo não passaria de um bizarro alarmismo. Infelizmente estava enganado e eu próprio haveria de ser um dos atingidos.
Só que hoje resguardo-me, cuido-me e cuido de quem vive comigo. É que os outros não devem ser vítimas dos meus erros!
Oiço a chuva a bater na janela atrás de mim. É uma chuva forte com sabor e cheiro a Inverno. Quase a terminar o Outono eis a estação seguinte a querer mostrar-se competente nas suas normais funções: chuva, vento, trovoada e muitas vezes frio. Gosto especialmente do Inverno, das tardes cinzentas e de ver esta chuva forte a espalhar-se com força pela vidraça. No entanto sempre que olho a rua esta é quase sempre um mar de água porque as sarjetas estão quase todas entupidas. Após um Verão e um Outono sereno a edilidade não se preocupou em limpar para escoamento das águas pluviais. Ou melhor fê-lo em Maio ou Junho, mas desde lá até agora as sargetas voltaram a entupir... Não todas já que aquela que está mais perto da minha casa é intervencionada por mim, pelo menos uma vez por mês, de forma a poder escoar a água da chuva. Não sou melhor cidadão que os outros, mas tento cuidar de algo que pode ser benefício de todos. É que resido numa zona alta e lembro-me de muitas vezes, quando trabalhava, não poder apanhar o comboio por o acesso à estação de comboios, que é subterrânea, estar inundado por convergir naquele lugar toda a água não escoada pelas sargetas. A cidadania não passa só por campanhas sempre tão mediáticas de doações, mas outrossim pela nossa intervenção no terreno. Como disse acima nunca me tomem como exemplo de óptimo cidadão porque também não o serei, mas há momentos que sinto conscientemente qual é o meu dever perante a sociedade!