Eu até concordaria com o AO, se este tivesse sido ratificado por todos os países envolvidos. Mas não foi! Assim sendo, a partir de hoje há palavras que são erro ortográfico em Portugal e estarão correctas em Angola. Um disparate autêntico!
Como de costume neste pobre país, a vontade política de uns supostos iluminados sobrepôs-se à lucidez e bom senso da maioria dos portugueses.
É obvio que daqui a vinte anos já ninguém se vai lembrar desta contenda. Mas eu enquanto puder, escreverei como sempre aprendi.
Com erros? Que seja! Nada tenho a perder...
A língua é o melhor (provavelmente o único) elo que une um povo. Elo que um estúpido acordo eventualmente poderá destruir.
Têm vindo a crescer diversas iniciativas contra o AO (Acordo Ortográfico), que o governo de José Sócrates insistiu em implementar em todo o país, iniciando aquela cruzada pela Administração Pública.
No entanto e ao contrário do que foi sendo dito nem todos os países lusófonos ratificaram o tal acordo. Vou até mais longe… A maioria não aplica qualquer acordo, continuando a escrever como sempre o fizeram.
Esta iniciativa ocorreu no passado dia 14 no Anfiteatro 1 da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e segundo li aqui foi muito concorrida. Ainda bem!
Sinto que é tempo de dar a volta a esta espécie de erro genético. Estando ainda por explicar as verdadeiras razões que levaram alguns doutos professores da Língua Portuguesa a enveredarem por um acordo que quase ninguém entende. Nem aceita!
Fazer um referendo, como alguns pretendem sobre este assunto, parece-me despesa a mais para um país que não pode nem deve esbanjar os seus recursos financeiros, ainda por cima com um tema que não merece ser… assunto.
Assim sendo só há uma maneira de resolver o problema: revogue-se simplesmente a lei.
A empresa onde trabalho decidiu aplicar, a partir do próximo ano, o Novo Acordo Ortográfico (NAO), numa atitude de quem quer ser mais “papista que o Papa”, pois como é sabido há ainda alguns problemas na implementação deste AO, especialmente por parte de alguns países lusófonos e de algumas entidades publicas que não se revêem nesta aberração.
Já escrevi neste espaço, mais que uma vez, que sou claramente contra o AO. E ao contrário do que vou lendo em alguns jornais que optaram por aquele Acordo, continuo a achar que tenho razão nesta minha opção.
Dirão alguns dos que defendem o AO, que sou apenas mais um velho retrógrado teimoso e de mente pouco aberta às novas ideias. Naturalmente que posso aceitar este pensamento, mas a verdade é que aprendi a escrever de uma determinada maneira e não me sinto (nada) confortável a redigir nos novos moldes.
Apercebo-me cada vez mais de um número impensável de erros ortográficos, tanto em mensagens de trabalho, como em comentários nos blogues ou no feicebuque. Por vezes fico tão atónito com o que leio, que chego mesmo a duvidar dos meus conhecimentos de português, porque já não sei onde começa o Acordo e acaba a asneira.
Não sei onde iremos parar com esta aventura lindguística, mas uma coisa tenho a certeza: não me vejo a escrever debaixo das regras do NAO.
Num artigo, hoje publicado no Jornal Público, o professor António Macedo desenvolve a história da língua portuguesa e das diferentes razões da sua evolução.
Já aqui escrevi que sou obstinadamente contra o NAO (Novo Acordo Ortográfico). Não entendo a necessidade de tamanho erro. Ou melhor… Percebo! Mas não concordo.
Foi um desejo político que criou este (mau) Acordo.
Foi uma teimosia ministerial que pariu este (horrível) Acordo.
Foi um português insensível que criou este (estúpido) Acordo.
Por isso é bom que se leia este texto, hoje publicado. Que se reflicta. E aqueles que se apressaram a implementar o tal NAO, recuem de vez nos seus malfadados intentos.
A bem da nossa língua e da unidade do nosso país. Porque, para dividi-lo, já basta o que basta.
Ouvi esta noite uma professora de seu nome Maria do Carmo Vieira, apontar diversas feridas ao nosso pobre e mau ensino, numa entrevista que deu a um canal de televisão.
Aquela senhora explicou por A mais B, porque os nossos alunos têm níveis de aprendizagem tão baixos. E se algumas das culpas se podem atirar para os alunos, há em sua opinião muita culpa do Ministério que tem vindo desde há alguns anos a permitir um facilitismo que em nada melhora o nosso ensino, bem pelo contrário, e pior, não prepara convenientemente os alunos para os estudos superiores.
Será por isso que a maioria dos alunos quando chegam ao 10º ano não sabe o que querem ser no futuro? Provavelmente porque ninguém os estimulou a saber mais.
Depois quando caem nas mãos de professores universitários são vistos como incompetentes e calões. Não querem estudar nem trabalhar mas exigem sempre ter boas notas. Acabam os cursos com resultados medianas mas pretendem serem vistos de igual forma, àquele que estudou e tirou média de 14 ou quinze ou mais.
A professora Maria do Carmo falou de muita coisa: da (má) formação pedagógica dos professores, da indisciplina cívica dos alunos, dos critérios impensáveis para avaliar professores e claramente os alunos. E que depois de escrever e falar com altos responsáveis ainda ninguém fez nada.
Olha-se para o ensino não como um investimento mas sempre como uma despesa. São os tecnocratas que nos governam, que assim pensam.
Finalmente a Dra. Maria do Carmo, falou do Novo Acordo Ortográfico que acha uma aberração e contra o qual se vai batendo e lutando. Tal como eu acrescento…
Daqui vai o meu mais sincero aplauso e a devida vénia a esta professora de português.
Tenho uma capa bilrada, chilrada, galrripatalhada; Mandei-a ao senhor bilrador, chilrador, galrripatalhador, Que ma bilrasse, chilrasse, galrripatalhasse, Que eu lhe pagaria bilraduras, chilraduras, galrripatalhaduras
Todas as gerações jovens têm normalmente um léxico muito próprio e que vai variando de tempos a tempos. Depois, com o crescimento e a entrada no mercado de trabalho vai-se perdendo esse mesmo vocabulário adoptando então uma linguagem mais “saudável”.
Talvez por isso a adopção do novo acordo ortográfico seja mais fácil para os jovens do que para os mais velhos. Expressões como “bué”, “fixe”, “cena” ou “coiso” são comummente usados por uma juventude arredia dos bons livros ou no mínimo de leituras.
O Novo Acordo Ortográfico não trás por isso uma melhor forma de se escrever mas claramente uma forma diferente. E para pior em minha opinião…
Custa-me ver o português ser maltratado pelos jovens, pelos menos jovens mas acima de tudo por alguns jornalistas que aceitaram o Novo Acordo sem qualquer remissão. Há quem ainda consiga escrever não respeitando o NAO, mas para isso têm de assumir essa postura publicamente. Já nem da nossa língua somos donos.
Triste país que nem a sua própria língua consegue defender!