Tolerância zero!
Ouvi que hoje as autoridades do trânsito tinha ordem de tolerância zero para o excesso de álcool e de velocidade.
Portanto um dia óptimo para andar na estrada, especialmente para quem, como eu, anda devagar e não bebe em dia de viagem.
Saí de casa, bem perto de Lisboa, pelas cinco horas da tarde com destino à aldeia beirã que viu nascer a minha mulher há mais de seis décadas. Levava muita coisa, acima de tudo dois conjuntos de portões em ferro para serem arranjados, após mais de 40 anos a servir diariamente a família.
No caminho combinei com o mestre do ferro entregar na sua oficina perto de Vale de Prazeres, os ditos portões. Como ainda parei para reabastecer de víveres para o fim de semana em Castelo Branco (adoro aquele hipermercado, com tão poucos clientes) já cheguei à aldeia do serralheiro bem de noite.
A carrinha trazia para além dos portões uns metros de mosaico, uma lata de tinta e mais uns tarecos.
Descarreguei o material, conversámos sobre o que era necessário fazer e regressei à estrada. O problema é que chegado perto da passagem de nível deparei com um agente de autoridade que me mandou parar.
- Boa noite, a sua carta e documentos da viatura, sff.
- Boa noite senhor agente, com certeza - respondi eu calmamente, já que quem não deve não teme.
Entreguei a documentação que conferiu. Depois pediu-me para sair e fez-me o teste do álcool. Soprei, soprei e finalmente:
- Já chega - disse o guarda.
A seguir diz-me:
- O senhor tem aqui um problema...
- Eu? Como pode ser possível... Não me diga que deu excesso de álccol?
- Não, nisso esteja descansado... está tudo bem. Deu apenas excesso de fome!