Quando me perguntam a idade respondo que tenho 52 anos… mais IVA! Contas feitas dará a idade que tenho hoje!
Todos os anos neste dia costumo escrever algo sobre o meu aniversário porque definitivamente gosto de comemorar… a vida!
Todos os anos comemoro este dia de maneira diferente. Umas vezes com a família toda, outras só com a minha mulher e até já comemorei sozinho!
Tenho consciência que caminho a passos largos… para uma vida fora destas guerras estúpidas e demandas ainda mais imbecis e para a qual estou bem preparado.
Nestes 64 anos, que hoje comemoro, já fiz quase tudo que deveria ter feito! Repito... quase, pois há sempre aquela viagem, aquele aventura, aquele sonho por realizar...
Portanto agora é tentar chegar o mais longe possível na idade sem demasiados cometimentos que a saúde não pode nem deve ser esticada.
Desde esse 4 de Janeiro até hoje, os meus dias ganharam uma riqueza que eu não conhecia. Nem sabia que existia.
Há quem viva a vida em busca de mais objectos, quando na verdade se pode ser feliz sendo... avô!
Três anos, 36 meses, 156 semanas, 1096 dias de uma existência assente num amor incondicional, Tu és o sol que aquece os meus dias, a lua que me ilumina de noite, a chuva que rega a minha horta, o vento que junta a lenha, a rosa mais formosa do meu jardim.
O teu sorriso é contangiante, a tua alegria transbordante, a tua voz é uma melodia celestial.
Ser avô é sentir este amor sem medos, assumi-lo sem vergonha e preservá-lo para sempre!
Faz hoje dois anos que recebi pela primeira vez a incumbência de ser avô a tempo inteiro. Estávamos em 2020 e a pandemia alastrava-se a tudo e todos (ainda haveria de ser pior, como todos sabemos).
A boneca entrou nesta casa sorridente e por cá ficou. Certo é que a nossa vida alterou-se toda... todinha! Os horários certos de comer, as horas de dormir, as fraldas e mais importante que tudo as brincadeiras.
A menina tinha então quase 9 meses, mas nada que nos atemorizasse! Agora tem quase quase três anos.
Dois anos decorridos a bebé é agora uma princesa... destemida e de resposta pronta (não imagino a quem sairá!!!). Fala tudo num discurso coerente e assertivo. Sabe o que quer e percebe quando esticou em demasia a corda da tolerância. Aí aproxima-se e diz com aquela vozinha e melosa:
- Desculpa avô!
E eu derreto-me...
Os meus filhos sempre se relacionaram bem com os avós, tal como eu me relacionei com os meus que pude conhecer mais a fundo. Hoje sou eu que estou do outro lado da estrada da vida e que busco ser exemplo de cuidado, carinho, ternura e exemplo para a mais nova da família.
O meu avô que morreu quando eu tinha 12 anos foi, ao que me é dado perceber, um homem sábio. Profundamente católico obrigava os filhos a ir à missa todos os Domingos. Porém alguns (o meu pai foi um deles!) já mais crescidos levantavam-se mais cedo e saíam de casa antes da religiosa sentença semanal.
Dizem quem o conheceu bem que foi um também homem honrado mesmo tendo sido preso num dia 15 de Agosto de má memória para a família, acusado de um crime que não cometera. Veio para Lisboa onde cumpriu pena e donde conseguia, sabe-se lá com que expediente, enviar cestos para a mulher que os vendia para sustentar os filhos..
Regressado à aldeia continuou a fazer filhos à minha avó, dez ao todo dos quais só resistiram sete, e iniciou a sua vida de fabricante de cal. Fez um forno e sempre que necessitava cozia a pedra que vendia nas feiras das redondezas da aldeia.
Com a idade foi ganhando sabedoria, traduzida esta em frases sábias. Recordo apenas três que ouvi e que ainda hoje fazem sentido:
- Dinheiro no bolso não consente misérias! (dinheiro ou cartões de crédito);
- Dinheiro e santidade é menos metade da metade (tão adaptado aos dias de hoje);
- Por este pequeno buraco passam das maiores fortunas do mundo! (o buraco é obviamente a boca!).
Passam por todos nós os dias, semanas, anos, décadas. Porém a natureza humana foi, é e será sempre a mesma! Independentemente da época, local, clima ou recursos.
Sei que é uma trabalheira organizar um almoço. Então um cozido à portuguesa ainda mais. Mas adoro estes repastos com (quase) toda a família à volta da mesa.
Nem é preciso que seja um aniversário de alguém ou a comemoração de um dia especial. Basta que haja vontade, disponibilidade e muito carinho para distribuir.... e receber!
Como escrevi aqui, ontem fui à aldeia e trouxe de lá umas centenas (não estou de todo a exagerar!!!) de quilos de citrinos. Desde laranjas, tanjeras (ou será tânjaras?) e tangerinas veio muito de tudo que vou agora distribuindo pela família. Vieram outrossim umas couves coração que ajudaram ao nosso cozido assim como uns enchidos. E neste último campo os acepites eram fantásticos pois deram um gosto especial e característico ao almoço.
Cozido para nove pessoas obriga a uma certa logística. Mas tudo correu muito bem, todavia almoçamos um pouco para o tarde.
A determinada altura durante o almoço a algazarra era imensa, mas na quele breve instante senti-me quase feliz... Faltava um dos filhos...
A vida nunca é como gostaríamos... mas sempre como necessitamos!
Daqui a uma semana a azáfama nas pastelarias será enorme tendo em conta as encomendas previstas para a Consoada e dia de Natal.
Cá em casa não fugimos à regra e já se começa a tentar calendarizar a feitura de algumas coisas nomeadamente doces já que alguma comida virá também de fora.
Não sendo eu um verdadeiro apaixonado pelo Natal tenho de me render ao facto que as crianças serão o combustível preferido desta quadra festiva. São elas que nos animam e é por elas que construímos uma vida.
A minha neta está vidrada no Pai Natal. Neste momento cá em casa temos quatro figuras todas elas diferentes mas a quem ela dedica muita atenção. O "Pá" é agora palavra frequente na sua boca, quando se pretende referir ao Pai Natal.
Talvez este ano me disfarce de Pai Natal para entregar as prendas... e quiça alegrar crianças e quem sabe adultos...
Tendo em conta as obras cá em casa ao que se juntou há aproximadamente 2 meses uma pessoa magoada decidiu-se fazer apenas uma árvore de Natal.
Assim ficou calendarizado para ontem a montagem do pinheiro ora fictício. Logo cedo desarrumei sofás, cadeiras e mesa de forma a arranjar espaço para a dita árvore. Depois fui buscar a enorme caixa que guarda tudo o que pertence levar um pinheiro para que fique bonito e luminoso.
Demorou algum tempo a montar: luzes, bolas estrelas, um presépio, fitas e sei lá que mais foi o que se colocou como enfeites. Finalmente ficou com este aspecto.
No entanto havia algo que esperava assistir, como assisti, com a chegada da minha neta àquela sala com uma profusão de luzes e cores.
Hoje de manhã quando chegou a minha casa e viu a árvore enorme enfeitada puxou do seu léxico muito próprio e disparaou um palavreado que não entendi. Todavia percebi que estava contente. Mas mais ficou quando acendi as luzes. Soltaram-se gargalhadas e palmas e a alegria infantil foi simplesmente contangiante!
A luz deste Natal já chegou a esta casa... Agora é aproveitar!
Nos almoços ou jantares de famílias numerosas há sempre dois lugares mais ou menos reservados para os patriarcas da família: as cabeceiras da mesa. Cá em casa não é excepção.
Só houve um problema quando morreu o meu sogro, pois ficou-se sem saber quem deveria ocupar aquele lugar. Por fim decidiu-se pelo elemento mais novo à época. Situação que ainda hoje se mantêm exceptuando quando as pessoas são ainda mais e aquela cabeceira, antigamente para um, tem de ser partilhada.
Diz o povo que "há males que vêm por bem". Não acredito nisso, mas reconheço que uma sucessão de factos anómalos pode originar uma solução eternamente adiada.
Foi o que aconteceu recentemente com o acidente que colocou a minha mulher no estaleiro, sem mobilidade nem capacidade para fazer alguma coisa. Deste modo uma das suas responsabilidades, que foi tomar conta da mãe senil, foi transferida para a outra filha. O resultado desta situação foi a normal decisão das ambas as filhas em internar a idosa num lar.
Sinceramente tenho que concordar que não haveria outra solução.
Agora repetir-se-á a dúvida sobre quem deverá ocupar aquele lugar à mesa? Uma das filhas, um dos netos ou um dos bisnetos?
Obviamente que ninguém é insubstituível, mas reconheço que durante umas refeições vai ser estranho ver outra pessoa na cabeceira da mesa que não a matriarca da família!
Mas é a vida. Triste, amargurada, mas sem nunca parar!
Educar é essencialmente ensinar alguém a viver em sociedade, através do exemplo dado e nunca da regra imposta.
Contudo a aplicação e a assimilação dos ensinamentos difere de pessoa para pessoa, porque cada um de nós reage de forma diferente aos mesmos estímulos. Por isso cabe aos educadores perceber as diferenças dos educandos dando a cada um as ferramentas necessárias para que consigam apreender e aprender o que lhes será devido.
Obviamente que numa família com dois ou mais filhos terá de haver uma certa matriz, à qual será acrescentada então as tais variantes correspondentes à personalidade de cada um.
Só que hoje noto que a maioria das famílias, salvo honrosas excepções, deixam as crianças viverem numa espécie de roda livre, sem qualquer critério, regras ou disciplina. Porque o tempo gasto entre trabalho, deslocações e afazeres domésticos é demasiado, pouco sobra então para atender às necessidades de cada filho, quanto mais para impor algumas regras básicas.
Depois há aqueles que se escusam de educar porque… nunca foram devidamente educados e deste modo não sabem como fazê-lo. É só despejar ordens sem uma explicação prévia ou lógica.
Certamente haverá mais variáveis familiares e educativas, mas cada um de nós conhece-as porque muitas vezes vivem na casa ao lado da nossa e vamos dando conta.
Nos tempos que ora se desfiam à nossa frente saber educar é uma arte. Que requer sabedoria, discernimento, cautela e mais que tudo muito amor e carinho para distribuir.
De outra forma será a sociedade a sofrer mais tarde dos ímpetos, não raras vezes violentos, de quem nunca aprendeu respeitar os outros!
Pela primeira vez uma quarta geração de crianças juntou-se toda cá em casa. Ou dito de outra maneira a média etária baixou muito duramnte umas horas.
Um aniversariante a fazer 75 anos e os filhoe e netos, sobrinhos e sobrinhos-netos a aparecerem para um almoça. Na verdade vemo-nos muitas vezes para nunca conseguimos estar juntos.
Foi hoje...
O mais engraçado é que há uns anos no lado da mesa reservada aos mais jovens as conversas variavam entre jogos e parvoíces no Youtube.
Actualmente no mesmo lado mais falava-se de fraldas e noites mal dormidas.
No fundo a vida a decorrer em toda a sua plenitude..
Mas foi tão bom ver tanta criançada... A mais nova com seis meses e o mais velho com cinco anos!