O governo pretende que os alunos que desejam concluir com exito o ensino secundário terão de fazer obrigatoriamente exame de... Português, para além de mais duas disciplinas à escolha do aluno.
Imagino que esta não seja uma decisão muito do gosto dos alunos, mas finalmente alguém coloca a Língua Portuguesa ao mesmo nível de outras disciplinas. Já não era sem tempo.
Enquanto trabalhava lidei com muuuuuuuuuuuuuuuitos licenciados, na sua maioria ligados à Economia ou às Finanças. Já para não falar de outros associados à Gestão ou Engenharias.
Se aqui e ali pontualmente se encontra alguém com conhecimentos razoáveis da nossa língua, o certo é que a maioria... era um desastre. Desde uma mensagem de correio electrónico que terminava (... se necessitar não "exite" em contactar-me) até alguém a escrever (... ambos os dois...) num pleonasmo absurdo, apanhei um pouco de tudo!
Assim concordo perfeitamente que não se dê o curso por terminado a quem não consegue perceber a diferença entre, por exemplo, "poderíamos" e "podería-mos" como muitas vezes leio por aí. Ou que um português não saiba quem foi Bernadim Ribeiro nem o seu "Menina e Moça" ou nunca tenha lido "Os Maias" de Eça de Queirós?
Não basta já o assassinato da nossa língua com o tal de (des)acordo Ortográfico?
Nunca apreciei a escola e muito menos gostei estudar.
Por isso repeti diversos anos e acabei por tirar o secundário muito depois da "data-limite". Mas enfim ganhei outras valências...
Uma das disciplinas que eu tinha como sendo a pior era Desenho e antes, no preparatório, os Trabalhos Manuais. Aquilo era um suplício atroz. Então em Desenho... ui... era um desatino. Pediam-nos para desenhar a jarra em exposição, mas no meu desenho parecia tudo menos a dita jarra. Um horror!
Só que a vida tem formas de nos colocar no trilho certo. Quando casei o meu falecido sogro (um excelente homem, diria com agá grande) tinha muita ferramenta e sempre que era necessário fazer um remendo em casa ei-lo pronto a resolver o problema.
Como morávamos no mesmo prédio de vez em quando chamava-me para om ajudar.
Deste modo fui ganhando conhecimentos não sé em resolver algumas coisas mas também em valências com algumas ferramentas manuais.
Passados todos estes anos (perto de 40) sou eu que tenho os conhecimentos. Todavia desde muito cedo comecei a envolver os meus filhos e hoje os meus infantes são perfeitamente autónomos, mesmo que de vez em quando peçam uma ideia. Mas faz parte do diálogo familiar!
Face a tudo isto hoje sou capaz de fazer quase tudo (exceptuando quiçá canalização!). Um destes dias ajudei alguém a retirar todas as tomadas e interruptores pois a casa ia para pinturas. Mais tarde aquando do pagamento ao pintor este referiu que seriam menos 600 euros por não ter tido a necessidade de andar de volta da luz.
Nas casas há sempre pequenas coisas que requerem arranjo: uma gaveta descolada, uma fechadura avariada, um candeeiro que deixou de acender, uma lâmpada fundida.
Pois é... quem diria que aquele menino que só tinha negativas a desenho e trabalhos manuais um dia conseguiria remendar tanta coisa?
Sempre gostei de andar de pasta no dia a dia. Dentro incluía para além da carteira e demais documentos, livroas papéis rabiscados e diversos blocos. Já para não falar de um incontável número de lápis e canetas.
Tive muitas... de diversos tipos cores e tamanhos.
Hoje uso menos até porque em casa não necessito dela, mas sempre que saio para longe, especialmente de carro, levo a minha actual pasta.
Numa busca que fiz (quando será que posso usar o Google para procurar "cenas" em casa?), acabei por encontrar duas pastas usadas mas ainda em bom estado.
A primeira estava vazia, já a segunda tinha ainda papéis e correspondência antiga que guardei. Pois... mas a segunda remonta aos anos 70 e chamava-mos uma mala à James Bond que eu levei diariamente para a escola.
Igualzinha a esta.
Foto retirada da rede
As coisas que eu guardo.
Ai, ai, ai... e as saudades que tive deste tempo de escola (o único que realmente gostei!!!)
Um destes dias fui com a minha neta de dois anos e meio ao parque infantil. Havia chegado há uns minutos ao local quando surgiu uma turma de crianças quase todas da idade aproximada à da minha cachopa.
Muita alegriaa pois nunca tinha estado com tanta criança ao mesmo tempo. Tendo em conta que a miúda é desenvolvida para a idade, andei sempre perto dela não fosse magoar alguns dos mais pequenos.
Tudo muito pacífico até que a minha neta pegou na mão doutra criança e puxou-a para ir brincar, creio se a memória não me falha, num cavalinho de molas. Ela sentou-se de um lado e esperou que o outro menino se sentasse também. E ali estiveram para cima e para baixo um bom bocado a divertirem-se.
Hoje lembrei-me deste episódio porque percebi que daqui a dois anos a inocente terá de ir obrigatoriamente para a pré-primária, onde lhe ensinarão muita coisa. Ou se calhar só lhe ensinarão... imbecilidades!
A verdade é que qualquer criança, por exemplo, não nasce racista nem com outras limitações sociais. Então como chegámos a este ponto da intolerância?
Fica a questão em aberto para reflectirem.
Só mais um pormenor ainda do episódio do parque infantil: o menino com quem a minha neta interagiu era de raça africana, nada que os impedisse de brincar livremente e com muita alegria!
Não sou sociólogo, antropologista ou coisa semelhante. Nada disso. Mas sou pai e esta “profissão” deu-me algum lastro para escrever o que virá a seguir.
Quando olho para a classe dos professores vejo um grupo de gente com uma enormíssima responsabilidade na sociedade e a quem não é dado o justo valor. Nem pelo Estado nem pelos pais ou educadores. Já que são os professores os primeiros a perceberem como serão os jovens que têm na sua frente. Indevidamente educados em casa caem nas salas de aulas envoltos em razão sem que nada tenham feito para o efeito. E ao menor deslize do professor logo cai uma queixa na direcção da escola que dificilmente consegue dirimir o conflito.
Quando andei na escola tive um professor de matemática que foi um exemplo. De educação, formação, mas também de exigência. Não dava um sorriso, mas mostrava-se sempre disponível para esclarecer as dúvidas. Tratava todos os alunos por… senhor a que se seguia o nome, como se fossemos homens já grandes (na altura não havia turmas mistas!!!).
Porém tinha uma memória auditiva fantástica e detestava ouvir alguém a conversar. E se escutava o sussurrar dizia, sem sequer se virar para o aluno:
- Senhor fulano de tal saia!
A vítima nem esboçava contrariar o professor. Pegava nas coisas e abandonava a classe.
Hoje este caso seria quase impossível para não dizer utópico… Porque os jovens tiveram uma vida onde as suas vontades foram sempre satisfeitas. Que professor teria a coragem de chamar um aluno de senhor Fábio ou, sei lá, menina Vanessa? E depois poder ordenar:
- Senhor Ruben saia… pois estava a perturbar a aula.
Ui… haveria de ser bonito… Provavelmente o CM, CNN, SIC e demais televisões fariam “diretos” (definitivamente detesto o AO!!!) da escola tentando perceber porque um professor expulsara injustamente um aluno da aula.
Tenho consciência que a vida não está fácil e que o casal tem que trabalhar para poder dar o mínimo aos filhos. Mas a verdadeira educação, formação e respeito pelos outros deve advir de casa e logo de pequenos (li algures que esta pandemia mostrou a muitos pais os verdadeiros filhos, que aqueles não conheciam!!!).
Dizer não a uma criança ou jovem parece estar agora fora da lógica educacional, mas atentem nisto: quando os miúdos tentarem entrar no mercado de trabalho irão certamente receber muitas negas aos seus desejos. E aí não haverá ninguém que aceite as queixas.
Resumindo: cabe a cada educador impor regras, ditar as leis e não há que ter qualquer receio (os exemplos têm sempre de vir de cima) para que não se criem figurinhas tristes, birrentas e frustradas, que passarão o futuro deitados num sofá de um qualquer psiquiatra ou psicólogo de vão-de-escada!
Goste-se ou não da disciplina "Cidadania e Desenvolvimento", certo é que esta faz parte do ensino e a exemplo das outras disciplinas devem os alunos ter aproveitamento positivo se quiserem transitar de ano.
A polémica está instalada porque há pais que não concordam com a disciplina e muito menos com a possibilidade dos seus educandos ficarem retidos por não terem aproveitamento.
Pegando no meu exemplo diria que sofri do mesmo problema quando fui aluno. A minha queda para o desenho e trabalhos manuais naquela altura era muito grande. Só que não tinha onde cair (podem rir, se quiserem!!!)!
Na realidade chumbei um ano escolar (era assim que se dizia na altura) por não ter notas positivas a desenho. Sinceramente nunca percebi porque tinha que fazer aquela disciplina para a qual nunca demonstrei qualquer capacidade. Mais... nunca senti necessidade dela na minha vida futura de estudante e mais tarde como trabalhador. Porém tive de a fazer... senão não passaria de ano.
Neste sentido estranho que os pais se metam na vida escolar concordando ou discordando das disciplinas obrigatórias. No meu tempo o Encarregado de Educação que tivesse uma atitude destas, provavelmente, sairía radicularizado pelos outros pais.
Mas hoje todos têm direito a contestação! Nem que seja pelas coisas mais absurdas!
Hoje fui às compras numa grande superfície. Como o faço normalmente de dois em dois meses.
Como ainda somos alguns lá em casa há produtos que compramos em quantidade. É o caso do leite.
Quando cheguei à caixa comecei a dispor algumas compras, mas quando cheguei ao leite achei que não havia problema em deixar estar os pacotes no carro. E disse-o ao operador que concordou.
Por isso ergueu-se da sua cadeira e contou 7 conjuntos de seis pacotes de leite. Avancei eu:
- São 42 litros. São sete vezes seis...
- Mas não são 42... são 48!
Observou tão convictamente que me calei e deixei para o meu filho mais novo o real esclarecimento. Isto entre a juventude corre melhor, digo eu.
Na verdade o jovem caixa insistia nos 48 até que decidiu ir ao bolso, retirar o telemóvel, fazer a conta e perceber no final que estávamos certos.
Entrou o Fevereiro muito gelado após um Janeiro também frio e deveras seco. Entretanto uma chuvinha aqui e ali não foi suficiente para minimizar a seca de um longuíssimo estio.
Portugal tem de se preparar para o futuro no que respeita à gestão dos seus recursos hídricos. As famílias geralmente mostram grande desperdício, não se preocupando minimamente em poupar um recurso escasso e cada vez mais valorizado.
Ora então como se mudam os costumes dos cidadãos que durante muitos anos se habituaram a ter algo sem se preocuparem em saber como aparece em casa?
Creio que a escola é o local perfeito para se começar a ensinar como poupar água. E pelo caminho escolar, pelo menos até ao secundário, deveria haver um momento dedicado somente à água. Talvez assim os futuros engenheiros e doutores se preocupem em salvaguardá-la.
Estou de partida para a aldeia, para a Beira Baixa, onde a chuva não aparece como deve ser faz muito tempo. Os poços estão quase todos secos assim como as pequenas charcas, fontes e minas.
Nas terras cresce pouca erva e quem sofre é o gado.
Por isso insisto na ideia de que cada vez mais temos de poupar este preciso líquido. Sempre e a todo o instante. De forma a evitar uma anormal desertificação de terrenos...
A história é simples: uma menina numa cantina da escola encontrou no seu prato uma lagarta viva. Filmou-a e publicou nas redes sociais. Entretanto os responsáveis pela escola levantaram um processo disciplinar à cachopa por ter quebrado umas regras internas.
Então alguém desmascara uma cantina que fornece às crianças comida sem ser devidamente lavada e ainda por cima é a miúda é que é a má da fita? Parece que há aqui qualquer coisa que não está muito bem...
Lembro-me que quando andava da escola e das poucas vezes que comia na cantina, esta não era o esmero do asseio. Todavia 40 anos passados muita coisa mudou na nossa sociedade e esta de denunciar o que está mal, foi uma delas.
Vejamos então... se a menina fosse à Direcção da Escola denunciar o caso, seria que ouviriamos falar disto? Creio mesmo que tudo seria abafado.
Custe o que custar as normas internas de uma escola não podem nem devem sobrepor-se à saúde pública.
Espero mesmo que a criança não sofra qualquer repreensão nem castigo. Como cidadã fez a sua parte. Que os dirigentes da escola façam a deles, é o que se pretende.
Dei por mim um destes dias a colocar-me as seguintes questões: e se eu a determinada altura da minha vida tivesse tomado outra opção, diferente daquela que tomei? Que seria eu hoje? Quem seria eu hoje?
As questões martelam-me constantemente a consciência, mas jamais saberei o que teria sido a minha vida se…
Efectivamente não vivemos de “ses” condicionais mas de “ces” de certezas. E é com estas que temos de lidar permanentemente. Todavia prefiro ter tido tomado uma má decisão do que viver eternamente numa dúvida.
Esta última ideia cai obviamente um pouco em contradição com as questões formuladas no início. E se…? Pois é… o homem é um ser em permanente dúvida e incerteza.
Lembrei-me deste tema porque apercebi-me que muitos dos meus antigos colegas de escola são hoje pessoas com carreiras fantásticas e profissões… relevantes:
jornalistas e analistas em que a sua opinião assume peso;
médicos que curam e salvam vidas;
militares de carreira que salvaguardam a nossa soberania:
professores que ministram ensinamentos aos mais novos:
académicos que ensinam doutrinas;
advogados que defendem grandes causas…
E eu?
Mantenho-me nesta espécie de mediocridade sem ser relevante para quase ninguém, a não ser para os meus. Será que algum daqueles meus antigos companheiros de escola ainda se lembrará de mim?