Numa edição publicada em 1983 pela editora Dom Quixote sob o título "13 anos com a Mafalda", pode ler-se na contracapa a seguinte frase proferida pelo escritor Julio Cortázar "Não importa o que eu penso da Mafalda. Importa o que a Mafalda pensa de mim".
Creio que ninguém conseguiu descrever tão bem o poder da figura criada por Quino (Joaquin Salvador Lavado) em 1962, como aquele escritor argentino.
Soube que faleceu o humorista desenhador aos 88 anos.
Quando um escritor morre deixa os seus livros, as suas obras e as pessoas que por cá ficam vão lendo, gostando ou desgostando.
Só que Quino deixou-nos a Mafalda para além de outros livros. Mas aquela não é só uma personagem criada pelo lápis assertivo do humorista argentino. Mafalda é tudo aquilo que sempre gostaríamos de dizer e nunca o podemos fazer. Mafalda é a menina que vive dentro de cada um de nós sempre pronta para questionar tudo e todos. Mafalda é o exemplo acabado de como se pode ser adulto sem nunca deixar de ser criança. E deste modo Mafalda passa para o lado das figuras eternas.
Finalmente tentei nos diversos livros que tenho da Mafalda encontrar uma prancha que traduzisse o que atrás escrevi. Não consegui porque é a soma das partes que dá o todo da menina que não gostava de sopa.
Obrigado Quino por nos teres deixado a Mafalda! E descanse em PAZ.
Se o caríssimo leitor está à espera de mais uma aventura simpática, carregada de humor, fantasia e exercícios malabaristas por parte do cowboy mais conhecido da BD, desengane-se.
Matthieu Bonhomme foi o autor convidado para escrever e desenhar esta aventura especial do cavaleiro solitário, que ao fim de setenta anos de existência surge numa pose mais séria, mas sem lhe tirar ponta de qualidade.
Recebi o livro ontem após quase dois meses de espera. Mas valeu a pena porque este é, definitivamente, um álbum diferente dos demais da mesma série. Pela história, pela forma, mas, acima de tudo, pelo belo desenho.
Este Lucky Luke surge aqui com cara (quase) de menino, mas postura de homem vivido. O autor socorreu-se muitas vezes e de forma muito bem conseguida a pranchas dedicadas às expressões muito parecidas ao que se pode encontra por exemplo nos álbuns de aventuras de outro pistoleiro de nome Red Dust da série Comanche de Hermam & Greg. Depois os contrastes as sombras negras estranhamente expressivas… Tudo num jogo de luz e cor quase perfeito.
Este é um livro longo de 64 páginas que deve ser lido e visto muito devagar de forma a poder-se saborear. O verdadeiro prazer da leitura com imagem.
Finalmente acrescento que se Morris fosse vivo ficaria extremamente agradado e orgulhoso com esta belíssima homenagem.
Averell, o terrível membro da perigosa quadrilha Irmãos Dalton, que o belga Morris imortilizou em dezenas de livros de Banda Desenhada, e que viveu nos belos tempos do "far west", deixou para a posteriedade semente. Má...
Quem conhece a tenebrosa vida daquele criminoso sabe que Averell foi o maior inimigo... de tudo o que era comida. E seus recipientes. Daí e não só ser conhecido por... "Imbecil" Dalton, o que não corre muito a favor dos imbecis.
Ora actualmente nos Estados Unidos há pelo menos um sucessor daquele perigoso meliante. Chama-se Donald Trump e consegue ser ainda mais imbecil que Averell. Há quem julgasse impossível tal estado...
Ocorreu-me esta parecença por causa da sugestão de Trump em dar injecções de desinfectante aos infectados com Covid19. Talvez pudesse experimentar nele mesmo... E com uma seringa das farturas que leva maior dose.
O Dalton Averell era um idiota chapado, mas é somente uma figura de ficção, bem castiça e humorada, ao invés do seu actual primo, o Presidente dos Estados Unidos que é real, pateta e sem qualquer graça.
Sob a batuta da dupla Jean-Yves Ferri e Didier Conrad é publicado amanhã o 38º livro das aventuras do guerreiro mais conhecido de toda a BD e não só.
Com o título "A filha de Vercingétorix" este novo album irá trazer-nos com toda certeza novas histórias dos irredutíveis gauleses.
Para quem aprecia estas aventuras, o dia 24 de Outubro será um bom dia. Todavia, eu que sou grande apreciador destas livros tenho (mais uma vez!!!) as minhas espectativas muito em baixo já que, desde a morte de René Goscinny em 1977, nunca mais as Aventuras de Astérix tiveram um incremento de qualidade essencialmente ao nível dos diálogos.
Diria que alguns albuns em Portugal foram traduzidos de forma deficiente já que toda a magia inerente às aventuras da dupla Astérix/Obélix se perdeu.
Mas não julguemos já... Aguardemos assim as novas aventuras!
Um dos meus desenhadores preferidos morreu sábado passado aos 86 anos. Mas só hoje o soube, primeiro através do Delito de Opinião, confirmando mais tarde nalguns sítios de informação.
O desenhador que não usava palavras para a crítica tinha um humor fantástico.
A nona arte perdeu um dos seus génios maiores. Provavelmente irá agora devolver a “bota”.
Descobri que a sexualidade na BD e nos bonecos animados é uma evidência, com características quiçá graves e demasiado visíveis.
Se pegarmos em breves exemplos, temos o Pato Donald com três sobrinhos que vivem com ele permanentemente, todavia nunca conheci o pai dos miúdos. Estranho não?
Outro exemplo tem a ver com o próprio Mickey. Sei que há a Minie, só que aquele nunca assumiu a relação e mais de meio século passado ainda ambos continuam solteiros. Piora a coisa com o Pateta metido entre os dois… Hum… ali só pode haver coisa.
No final dos anos 50 nasceu uma dupla amizade: Astérix e Obélix. Trinta e cinco aventuras e quase sessenta anos depois a dupla mantém-se solteira, dormem muitas vezes juntos e abraçam-se muitas vezes. Não dá para desconfiar?
E já nem trago aqui Tintin, Red Dust ou Lucky Luke todos aventureiros solitários ou apenas tendo animais como amigos: Milú, Palomino ou Jolly Jumper. Dá que pensar…
Toda esta brincadeira anterior (que não passa disso!!!) nasceu por causa das declarações sobre duas personagens que fizeram as delícias de milhões de crianças, durante anos. Parece-me realmente imbecil que haja a necessidade de vir dizer que o Egas e o Becas tinha uma relação homossexual.
Não sou homofóbico. Aceito a sexualidade de cada um sem qualquer problema.
No entanto dar a dois bonecos, repito bonecos, uma sexualidade qualquer não tem qualquer cabimento. Nem entendo qual o alcance e a necessidade das declarações.
Foi um acaso. Olhei para o escaparate e vi as figuras inconfundíveis de Astérix e Obélix. Primeiro pensei que fosse a última aventura dos irredutíveis gauleses, mas logo percebi que não.
Tratava-se simplesmente de um número especial unicamente sobre "L'art de Astérix", publicado pela revista francesa L'express.
Obviamente que entrei na loja e adquiri a revista.
Assim que pude sentei-me a folhear aquelas mais de cem páginas coloridas e não só e onde numa primeira vista se pode observar e saber muitos pormenores e opiniões sobre a dupla que há 58 anos publicou pela primeira vez numa revista da especialidade, que Udrzo e Goscinny criaram chamada Pilote, as primeiras pranchas de Astérix e o seu fiel amigo.
E tudo em bom francês!
Fiquei de tal maneira absorvido pelas imagens e por alguns textos que pude ler, que fiquei sem almoço.
Mas foi por uma boa causa, dga-se de passagem.
Um documento muito especial, principalmente para os amigos do gaulês de bigodes loiros.
Surgiu ontem a última aventura dos gauleses mais conhecidos da 9ª arte. Desta vez um rol de acontecimentos em terras italianas numa estranha corrida de carros.
A história tinha tudo para ser diferente. No entanto os autores voltaram a falhar, tanto no enredo que poderia ser muito mais conseguido, como no humor pouco evidente.
O desenho que continua o traço do seu criador, falhou pela ausência de pormenores que fez dos primeiros livros autênticas obras de arte. Só para completar este meu racíocinio ainda hoje encontro pormenores que nunca havia reparado nas antigas aventuras, mesmo depois de as ter lido centenas de vezes. E basta comparar o planfleto publicitário em o "Domínio dos Deuses" e um que aparece neste livro para se perceber logo a enormíssima diferença.
Entendo que a dupla Astérix/Obélix sejam sinónimo de vendas garantidas. Mas sinceramente não devia valer tudo nesta indústria.
Lamento que Uderzo se tenha deixado "enganar" por estes novos artistas a quem falta sagacidade e muito humor.
Pela primeira vez a folha inicial que indentifica a aldeia e as principais personagens não aparece. Simplesmente lamentável. Não sei de quem foi a culpa, mas que é lamentável é. Já para não falar os nomes das personagens aportuguesadas que perdem muita da graça.
Astérix acompanha-me há demasiados anos. Li as primeiras aventuras um sem número de vezes. E ainda hoje regresso a elas como se as lesse pela primeira vez. No entanto desde Astérix e os Pictos que as aventuras têm vindo a perder... qualidade e encanto.
No universo da BD há uma personagem que personifica o líder da Catalunha, Carles Puigdemont. Aquela figura surge no livro chamado “A Zaragata” onde Astérix e o seu inseparável amigo Obélix terão de lutar não só contra as tropas Romanas, mas também contra a maledicência de Tullius Detritus.
Porque faço eu esta comparação? Simplesmente porque o Presidente da Generalitat Catalâ andou meses a incendiar uma região para no momento da verdade fugir à responsabilidade, deixando todos os outros partidos da região e organizações deveras espantadas com o discurso desta tarde.
Sinceramente nem imagino as pressões de Carles terá sofrido para olvidar ou pelo menos adiar este dossier. Todavia esta situação, que não é de agora, foi muito alimentada pelos partidos não afectos ao governo de Madrid.
No entranto com as declarações de hoje. Puigdmont fez com que a montanha parisse um rato.
Percebe-se que uma eventual independência da Catalunha seria uma espécie de “caixa de Pandora” para o celebérrimo autonomismo castelhano. E alimentaria outras ideias semelhantes tanto em Espanha como noutros países (Portugal incluído).
Teria sido, deste modo, muito mais sensato Carles ter negociado uma maior autonomia com o Governo de Rajoy antes de criar esta “Zaragata”..
Mas há quem faça tudo pelos seus cinco minutos de fama.
É sobejamente conhecido o meu gosto pela Nona Arte, culminando numas centenas de livros de muitos autores e quase outros tantos heróis.
Em qualquer Feira do Livro ou alfarrabista que visite é certo trazer mais uns livros para engrossar a minha biblioteca, sejam eles novos ou velhos, não importa.
No entanto tenho vindo a reparar que muitos das actuais edições apresentam traduções, especialmente oriundas do francês, no mínimo... sofríveis. Ora, compreendo que a língua de Balzac e Victor Hugo seja pouco apelativa, já que nestes tempos o inglês ganhou uma maior dinâmica, muito à força da informática. Só que eu comcei a aprender Francês desde muito cedo, especialmente na escola e daí entender muito bem aquela língua, por vezes até melhor que o inglês.
Criei recentemente umas pequenas listas contendo os heróis de BD que povoam a minha estante. Peguei em cada livro, transcrevi o título e inseri-o na lista. Depois fui ao sítio da internet com referência ao herói e procurei os livros publicados de forma a validar o ano da primeira publicação, respectivos autores e naturalmente as editoras.
A verdade é que encontrei diversos títulos em francês incorrectamente traduzidos para português. E mesmo a versão inglesa respeita o título original.
Perante esta estranha evidência, creio ser meu dever chamar a atenção para as editores no sentido de não desvirtuarem o livro com traduções pouco rigorosas.
Tenho consciência que um bom tradutor custa caro. Mas neste mundo das publicações nem tudo deveria ser válido só para se ganhar mais uns euros.