A Peste Negra dos nossos tempos
Olho para o meu país e que vejo? Gente triste, desiludida, pobre e acima de tudo sem esperança. É uma dor de alma observar quantas pessoas descobrem o que é pobreza ao fim de tantos anos de trabalho e de vida. Esta coisa da crise, dos défices, dos cortes salariais, do desemprego, das empresas a fechar, do descalabro da economia parece uma doença pior que a Peste Negra… que vitimou por essa Europa fora milhões de europeus, na idade Média.
E quanto mais observo a nossa pobre sociedade mais entendo que as pessoas estejam desesperadas. A pergunta já tantas vezes pronunciada mantém-se: como chegámos aqui?
A resposta encontrá-la-emos quase de certeza no passado não muito longínquo. E se muitos de nós (mea culpa! mea culpa!) somos culpados porque não soubemos gerir as nossas próprias finanças, autorizando que outros metessem as mãos na nossa carteira em troca de bens bastas vezes desnecessários, a verdade é que também os nossos políticos nunca tiveram realmente cuidado com as finanças lusas, empurrando com a barriga os problemas que surgiam na hora. Portugal gastou o que tinha e não tinha sem se preocupar com o futuro e acima de tudo como pagar.
A génese da situação que ora vivemos pode (e deve!) ser encontrada na constante irresponsabilidade com que os diversos governos lidaram com as contas públicas. E o que a mim mais me custa e espanta é que ninguém, mas ninguém se sinta culpado pela situação a que chegámos. Foram sempre os outros, sempre!
Todavia esta nova “Peste Negra” que vai atacando, como na idade Média, os mais pobres e frágeis, não parece ter fim à vista. Desta vez não são as pulgas nem os ratos os culpados desta epidemia… Mas as pessoas sejam eles políticos, economistas, gestores ou os simples cidadãos.
E da mesma maneira que se fez na Idade Média, só com higiene é que se conseguirá erradicar esta Peste, que não sendo Negra de nome, tem na sua essência a negritude das más gestões governativas, corrupções, compadrios e outros “roedores”.
Desta vez ao contrário da Peste Negra morre-se, não de doença, mas da cura.