Reflexão para um fim-de-semana
Em tempos idos, que os meus anos (e as minhas cãs!) não escondem, defendi ideias, onde a vontade do proletariado era razão suficiente para uma luta popular. Passado esse tempo utópico e quiçá ingénuo e hoje, claramente mais velho, defendo a riqueza para todos, não a pobreza…
Naquela época, Portugal vivia em permanente convulsão política e social. Tudo se exigia ao governo, da parte de um povo sedento de ideias e vontades. As greves assumiam-se como as grandes formas de luta a favor do trabalhador e o voto transformara-se numa arma essencial.
Porém trinta anos passados, descubro que tudo foi em vão. As lutas, as greves, as manifestações e os comícios converteram um país pobre mas honrado numa amálgama de contas mal feitas, mal explicadas e jamais fieis à realidade. Portugal tornou-se numa nação sem rumo, onde cada partido político defende a sua “dama” sem olhar à essência inerente a este povo.
Este governo conseguiu finalmente unir os portugueses mesmo que fosse numa manifestação. O luso habitante deste rectangulo desceu à rua, como já não fazia vai para muitos anos. Não quer esta política, não quer estes governantes, quer ter a vida de volta… assim falavam a maioria dos cartazes!
Pois é… mas ninguém veio para a rua protestar o dinheiro que o país gastou em estádios de futebol constantemente vazios, em auto-estradas onde ninguém passa, em bairros sociais onde os seus moradores pagam o mínimo, para poderem comprar os Mercedes e BMW estacionados à porta. Ninguém protestou a construção de hospitais sem médicos e equipamentos. Ninguém refilou contra as inúmeras fundações e Observatórios Nacionais de função no mínimo duvidosa, ou contra as empresas municipais que só dão prejuízo… e sorvedouras de imensos recursos do erário publico.
Relembro assim, neste espaço, o que John F Kennedy disse um dia aos americanos:
Não perguntes o que teu país pode fazer por ti. Pergunta o que tu podes fazer pelo teu país.
Será que já fizemos tudo por Portugal?