Que se lixem os políticos!
Neste pequeno rectângulo que alguém achou por bem chamar de Portugal vive uma troupe de pessoas, raças e credos, da qual eu também faço parte, e que têm uma visão da política e dos políticos assaz depauperada. Provavelmente com razão!
Quase toda a gente concorda que se engane o Estado. Este não parece ser uma pessoa de bem. Hoje contratamos com ele uma coisa, amanhã o contrato é unilateralmente alterado, sem o nosso consentimento e aguardamos sempre que mais modificações venham a ser feitas. E nunca em nosso benefício. Portanto torna-se lícito enganá-lo.
Durante as últimas décadas os políticos têm sido reis e senhores deste “feudo”. Trocam favores por lugares, apoios explícitos a candidaturas por administrações empresariais, empenhamentos vincados com o propósito de aprovações especiais das Camaras Municipais.
No tempo que meou entre o 25 de Abril de 74 e o ano passado, o povo português deu largas à sua liberdade e à sua vontade de gastar. Curiosamente no início da revolução alguns partidos pretendiam acabar com os abastados, mas foram os pobres que fizeram, desde essa altura, vida de ricos. Carros, casas, férias, e mais recentemente bons telemóveis, cartões de crédito, um manancial de objectos mesmo à mão de semear. E os contínuos governos portugueses, enquanto tiveram crédito foram gastando como quiseram e lhes apeteceram. Portugal criou gorduras na máquina administrativa pública, sem evidentes benefícios para as populações. Empregou gente que não fazia falta. Acumulou dívidas e despesas que o país não comportava. Um dia, para ajudar à festa, entrámos num clube de afortunados. E continuámos a viver como se fossemos muito ricos. Até que…
Alguém nos bateu à porta a dizer o que tínhamos para pagar. Nessa altura estávamos obesos. Não andávamos apenas arrastávamo-nos tal era a gordura. E a factura longa, para ser paga por todos nós!
Foi o instante de acordar de um pesadelo. Passar à realidade e… emagrecer forçosamente. Todos!
Ainda hoje li que os ricos de Portugal estão cada vez menos endinheirados… Tal como nós, eles também tiveram que emagrecer. E no meio de todo este torvelinho de emoções, o governo actual teve de actuar. Há quem diga bem (poucos!) e há quem diga mal (a maioria!) da actuação governativa. Porém fosse quem fosse que estivesse agora no poder teria esta pesadíssima herança para gerir.
E acredito que não tem sido fácil. Eu digo sinceramente que não gostaria de estar no lugar destes governantes. Ficarão para sempre ligados a um dos piores momentos na história do nosso país.
Custa-me assim entender como é que as declarações proferidas pelo actual Primeiro Ministro, no âmbito de líder do maior partido do governo, tenham sido tão mal interpretadas. Duma forma que todo o povo português percebeu, Pedro Passos Coelho não “doirou a pílula”. Com aquele desabafo apenas pretendeu dizer que para ele o país está primeiro, que os seus interesses partidários (e de outros!!!).
Dou-lhe os meus parabéns pela frontalidade com que disse o que disse.
E entendi outra coisa que ele pretendeu dizer:
“Que se lixem os políticos!”