Mau jornalismo, a quem serve?
Um jornalista em Portugal é uma figura acima de qualquer suspeita ou pelo menos ilibada de qualquer acusação.
Tudo o que diz e escreve é considerado uma verdade absoluta e indesmentível, mesmo que não corresponda à realidade.
Poucos são os jornalistas ou jornais que, confrontados com a verdade sejam chamados a tribunal para explicarem em que bases criaram a falsa notícia.
Custa-me entender que uma profissão que tem tudo para ser digna e que devia pugnar pela verdade, se deixe enredar em tricas e seja tão vilmente influenciada quiçá numa tentativa de fácil populismo sem paralelo, que em nada beneficia a classe e muito menos a população.
Talvez seja esta uma das razões porque os jornais têm cada vez menos leitores.
Vem este caso à baila pelas notícias, sem qualquer fundamento de verdade, sobre os supostos benefícios no Banco de Portugal. Ele foi a notícia de uma carro de golfe, uma quinta em Caneças e os cavalos ao dispor dos empregados e filhos. Eu sou empregado do Banco de Portugal vai para trinta anos e em relação a benefícios perdi o ano passado muito dinheiro. O meu subsidio de Natal foi taxado duplamente: uma pelo estado em sede de IRS (como a toda a gente) e a outra pelo BdP que deixou de pagar uma percentagem. Mas isso não interessa informar.
Obviamente o que me preocupa nem são os cortes que me foram efectuados no meu orçamento mas sim a forma vil como se acusa publicamente o Banco de Portugal de despesista quando esta entidade não vive do orçamento Geral do estado, bem pelo contrário! E que o façam na primeira página!
Os esclarecimentos enviados pelo BdP para o jornal i foram por outro lado, relegados para as páginas interiores. Os esclarecimentos não têm honra de
primeira página, especialmente quando vêm contradizer notícias incorrectas. Estes jornais mereciam ser julgados e condenados tal como o Jornal britânico
que acusou sem provas o cantor Elton John de atitudes menos correctas. Após um longo julgamento aquele cantor Pop apenas pretendeu que o mesmo jornal colocasse na primeira página, com a mesmo tipo e tamanho de letra da acusação as merecidas desculpas. O jornal assim o fez.
Em Portugal isto seria olimpicamente impossível.
Aquele diário pode vender mais jornais hoje ou amanhã, mas hipoteca para sempre a sua credibilidade e claramente a sua sobrevivência futura.