Passadeiras de peões: um bem evitável
Já em tempos escrevi sobre este tema.
Como condutor permanente na caótica cidade de Lisboa, as passadeiras para peões surgem como o pior dos males.
Quando nos anos sessenta comecei a frequentar os bancos da escola, tinha de percorrer alguns quilómetros (não muitos, aliás!!) até chegar ao
destino. Mas ao atravessar as estradas - obviamente sem o trânsito que há hoje - tinha sempre o cuidado de olhar para os dois lados da rua e só passava quando a segurança fosse total. E desta maneira consegui sobreviver até hoje.
Com o decorrer dos anos e com o exponencial aumento de tráfego citadino foi necessário regular o movimento automobilístico. Foi assim que crescerem os sinais luminosos e com eles os locais de passagem para peões. Até aqui tudo bem e as razões de sobrevivência humanas a justificarem estas atenções. Ultimamente surgiram umas lombas que mais parecem gravidez de alcatrão e que originam alguns saltos pouco saudáveis para viaturas e passageiros.
Creio mesmo, que deve haver algum complot com as oficinas para a troca de amortecedores... (Mas isto já sou eu a conspirar!!!).
O peão em Lisboa sente que tem os direitos todos: passar sem olhar, conversar no meio da passadeira com um colega com a maior das calmas, parar no meio da zebra para atender o telemóvel (mais nas senhoras, aquelas malas são um mundo onde tudo desaparece) e até já apanhei um casal que se pôs a discutir em altos gritos no meio da passadeira... e os carros à espera, porque entre marido e mulher não metas a colher...
Quando sou peão, jamais me atiro para a estrada. Aguardo pacientemente que um condutor imobilize o veículo de livre vontade e me deixe atravessar em segurança. Mas claro eu, sou eu!
Faz muito tempo que eu assisti a um episódio em Almada. Nessa manhã de sábado quando me dirigia para o café, para o costumado pequeno-almoço com o Expresso no sovaco, deparei com uma fila de carros no meio da avenida e uma mulher polícia no meio da passadeira a tentar, em vão, fazer o trânsito fluir enquanto dava sinal aos peões para aguardarem a sua ordem de passar. Todavia um peão achou que tinha mais direitos que os outros e não cumprindo as ordens da autoridade atravessou a estrada à revelia.
Quando deu por ela, a mulher polícia usou do seu irritante apitou e ordenou que o senhor infractor recuasse para o local donde viera e aguardasse a ordem. Contudo o peão não acatou a ordem forçando a passagem e a agente não teve outro remédio senão dar-lhe ordem de prisão por desrespeitar a autoridade. Nesse dia senti-me feliz.
Não sei o que aconteceu ao homem, mas espero que no posto, lhe tenham dado conta da cabeça e da carteira.
Eu sei que as passadeiras são um mal necessário, mas vá lá, respeitem quem, indirectamente, paga mais impostos…