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O peso de um saco
Numa certa altura o Serviço de Tesouraria achou por bem solicitar ajuda à Filial do Porto. Nesta agência havia alguma gente com pouco que fazer, muito por culpa da extinção de funções.
Assim de um dia para o outro cairam na Tesouraria de Lisboa uma série de colegas com sotaque nortenho muito acentuado. Todavia sempre se mostraram muito profissionais e trabalhadores.
Alguns deles optaram por alugar uma casa onde dormiam e faziam a sua vida, durante a semana sendo que ao fim de semana partiam "num tiro" para o Porto. Para isso alguns deles optavam por ficar num serviço que era prestado pela tesouraria e que ficava muito perto do Campo das Cebolas e donde naquete tempo partiam os expressos para a cidade Invicta.
Gente impecável, adoravam um belo almoço sempre muito bem regado.
Ora certa sexta feira o Martins que era um dos nortenhos, pediu para ir para a dita caixa. Geralmente ele seria o primeiro a fechar da parte da tarde e estando a caixa certa o serviço libertava o homem para que apanhasse o autocarro o mais cedo possível.
Fechada a caixa o colega comunica:
- Tenho a caixa certa, vou entregar os saldos e depois vou-me embora.
Tudo certo sem problema, assumiram naturalmente os restantes colegas.
O Martins pega então no saco com os seus pertences e sentiu-o mais pesado que o costume. E declarou:
- O almoço foi bom e parece que bebemos demais...
- Então?
- O saco pesa...
- Para a próxima bebe menos!
Não sei o que se terá passado no Porto, mas fico somente a imaginar a cara do Martins ao abrir o seu saco e encontrar dentro dele "apenas" três listas telefónicas de Lisboa, como se usavam naquele tempo.