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Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Espaço de reflexões, opiniões e demais sensações!

Azeitona 2024 - segunda temporada! #6

Há alguns anos, por aqui na aldeia, a apanha da azeitona correspondia a duas ou mais semanas de verdadeiro convívio familiar... para além do trabalho, obviamente!

Nesse tempo os mais velhos reuniam-se com os irmãos e percorriam as diversas fazendas que cada um e colhiam a azeitona. Todos normalmente embuídos de um espírito comunitário, amizade e entrega.

Todavia quando os mais velhos principiaram a partir aquele espírito familiar deixou de existir e cada um dos que ainda estavam passaram a apanhar a azeitona sozinhos. Ate porque cedo se percebeu que os descendentes não partilhavam da mesma ideia. Houve um que afirmou perante algumas testemunhas que preferia morrer à fome a apanhar alguma vez azeitona.

Só que deste lado a ideia tem-se mantido pois é frequente os meus filhos e o meu sobrinho deixarem a cidade e subirem à aldeia para ajudar. Porém este ano incrivelmente coincidente pelas mesmas razões, não veio nenhum. Mas o espírito mantém-se e para o ano prometeram estar cá!

A ver vamos!

Na realidade a época da azeitona é um momento duro... muito duro mesmo, especialmente para quem passa o resto do ano entre o carro e o gabinete de trabalho. Basta perceber como o corpo reage ao fim do primeiro dia.

Finalmente hoje foi mais um dia difícil por causa da chuva que caíu durante todo o dia e me deixou encharcado e gelado até aos ossos.

Entretanto o canito, guarda pretoriano de uma bezerra que pastoreia nos meus terrenos, já tem nome: Zangado! Tal é a maneira como reage à nossa presença!

zangado.jpg 

Azeitona 2024 - segunda temporada! #5

Cada dia avanço mais um pouco no olival. Será bom perceber que a máquina está-me plenamente confiada. Assim como a mudança dos panos no chão - um trabalho olimpicamente chato e que ninguém gosta, mas essencial!

Este tempo de colheita olícola é duro, chato, aborrecido, mas muitas vezes compensador. Basta para isso que estejamos atentos.

oliveira_.jpg 

Este pedaço de terra tal como os terrenos contíguos estiveram anos a fio abandonados pelos seus antigos donos. Há uns anos e de forma lenta fui comprando cada bocadinho. Ao todo sete números de matriz das Finanças.

Passado uma dúzia de anos e após intervenções ao nível de corta de mato as aliveiras aqui existentes acharam por bem agradecer ao novo dono o cuidado. O resultado é que estas oliveiras tornaram-se verdadeiros "lagares de azeite" como diria o meu falecido e sábio avô quando pretendia referir-se a árvores muito produtivas.

Só para dar um exemplo ainda colhi hoje uma destas oliveiras. Não sendo muito grande e não estando ainda escolhida (retirar as folhas e ramos pequenos) a azeitona, arrisco afirmar, que terá dado perto de dois sacos daqueles de 25 quilos...

Regresso ao meu avô que sempre disse:

- Uma oliveira bem tratada pagará sempre ao seu dono!

 

Foi o caso desta minha oliveira do tipo cordovil que parecia ter mais azeitonas que folhas. Amanhã ou outro dia será totalmente despida mas até lá fica esta foto

Azeitona 2024 - segunda temporada! #4

Estava prevista para o dia de hoje alguma chuva. Mas mais para a tarde. Assim e de modo a aproveitar o dia cheguei ao olival pouco depois das sete da manhã.

Um céu plumbeo mantendo a ameaça permanente de chuva. Porém nada aconteceu em termos de pluviosidade a não ser muitas oliveiras a sujeitarem-se às vribações da minha varejadora mecânica.

Ainda não era meio-dia e a minha carrinha apresentava já este aspecto... pujante!

 

carrinha.jpg 

Entretanto às duas horas da tarde tinha uma entrega em casa e regressei para isso e ao mesmo tempo almoçar.

Mas antes deixei tudo preparado para o dia seguinte.

Percebi que irá chover... Espero sinceramente que os panos estendidos com tanto cuidado não voem durante a noite.

fim_dia.jpg 

Azeitona 2024 - segunda temporada! #3

Sinceramente deveria dar a este postal um título. Mas como não dei a nenhum aos anteriores achei por bem também este ficar assim. Todavia se atribuísse um título este seria "Love is in the air" a conhecida música cantada pelo australiano John Paul Young!

Já ontem falei das companhias que tenho este ano num dos prédios rústicos onde colho a azeitona, mas estava longe de perceber o que realmente ali se vive. Não sei se é uma verdadeira estória de amor, mas de uma coisa tenho a certeza: nos animais também há relações estranhas.

Isto para dizer que o canito sentado próximo da bezerra não larga esta. Mais... sempre que nos metemos com a jovem vaca lá vem o rafeiro ralhar com a gente.

Imagem WhatsApp 2024-10-28 às 20.54.33_3c1979ea.j 

Na verdade nesta foto o cão mal se vê já que está deitado bem próximo da sua amiga. Mas tenho uma foto seguinte eem que ele já está a ladrar.

Nestes tempos de azeitona há sempre um momento especial que nos faz recordar o ano olícola. 

Azeitona 2024 - segunda temporada! #2

A mudança da hora não trouxe alterações ao Morfeu. Acordei às seis (hora nova) e fui à padaria comprar o pão quente e uns croissants maravilhosos.

Depois de tomar pequeno almoço e café fui para o olival onde me esperavam umas dezenas de árvores com pouca azeitona. De tal maneira que o rendimento da manhã cifrou-se nuns meros 50 quilos a juntar aos outros 150 de ontem.

Coisa pouca.

A tarde começou já noutra fazenda fora do povo e aqui as oliveiras mostraram a sua pujança. Mas a surpresa  do dia não estava nas oliveiras mas nestes animais...

bezerro.jpg 

Um bezerro, um canito e umas ovelhas mailas as sua primas cabras. Chão direito depressa estendi os panos ao redor dos pés das oliveiras. Para logo a seguir pegar na máquina e desatei a sovar selvaticamente a oliveira no sentido de largar a azeitona.

De um momento para o outro o céu até ali azul foi coberto por um conjunto de nuvens cinza que rapidamente deixaram cair uma bátega molhandd-me mais um vez ( a última já fora ontem de manhã!!!).

Uma tarde de correria, apenas compensada pelas oliveiras repletas,

oliveira_carregada.jpg 

Com a queda da chuva decidi regressar a casa, carregando quase tudo: bateria , máquina, sacos e baldes. Ficaram no chão apenas os panos. Mas logo veio o sol para logo se esconder por detrás do monte,

pordosol.jpg 

Amanhã se tudo correr bem darei um passo no sentido de acabar mais cedo nesta campanha que ainda tem um longo caminho para percorrer.

Um pormenor: se no primeiro lugar a azeitona estava maioritariamente seca, aqui está impecável e a pedir para ser colhida.

Azeitona 2024 - segunda temporada!

As minhas sucessivas campanhas de azeitona assemelham-se àquelas telenovelas americanas durando uma eternidade ou aquelas séries de "streaming" com 700 mil temporadas.

A verdade é que todos os anos aqui vou postando qualquer coisita e obviamente este ano não foi diferente.

Assim estou na Beira Baixa onde cheguei ontem às nove da noite sob um frio quase glaciar depois de ter saído de Lisboa com Sol e uma temperatura bem acolhedora.

Portanto hoje foi o dia número um para a campanha olícola.

Ora como tradição é tradição eis que às sete da manhã desata a chover com força. Mas não era suficiente para me demover de mais uma aventura.

Comecei assim (a chuva não se percebe, mas acreditem que chovia),

foto_2.jpg 

e acabei assim!

foto_1.jpg 

Para amanhã continuar esta espécie de demanda. Assim Deus me me dê força e coragem! E pouca chuva!

Em nota de rodapé diria que a azeitona desta zona já esteve bem melhor. Muita estragada ainda na árvore, mas a maioria já caíu! Todavia é o que temos!

Racismo: a desculpa perfeita!

Parte 1

Tinha oito ou nove anos quando percebi que havia gente com cor de pele diferente da minha, que entravam em minha casa pela mão do meu pai, sentavam-se à mesa e comiam do que havia.

Depressa me habituei a lidar com homens vindos de África e que me tratavam da melhor forma. É a esta gente que devo o meu apreço pelo piri-piri que eles comiam a rodos e como gostavam ofereciam-me.

Isto para dizer que nunca fui racista e que sempre acolhi as pessoas de outras raças de maneira normal, no meio restrito seio familiar. Sei que houve algumas pessoas que se puserem a criticar esta postura simplesmente humana, mas depressa aconteceu o 25 de Abril e num segundo viraram a agulha.

Parte 2

Bem perto do local onde moro existiu durante demasiados anos um bairro de lata apenas com gente vinda de Cabo Verde. Aquele bairro era de tal maneira hermético que a polícia nunca lá entrava sem ser acompanhada pelas Forças Especiais. Também nenhum luso descendente de tom de pele mais branco se aproximava do bairro quanto mais entrar.

Parte 3

Bem perto deste degradado bairro havia e ainda há diversas escolas: primária, básica. Todas elas com imensos alunos sendo a comunidade cabo-verdiana a que se encontrava em objectiva maioria. Os meus filhos também frequentaram essa escola e foram algumas vezes vítimas desta gente nomeadamente através de pequenos furtos.

Concluindo

Naquele tempo as associações defensoras (e bem !) da dignidade humana nunca se chegaram à frente defendendo outras raças, credos ou simplesmente condenando os meliantes. Não me venham com a ideia de que não sabiam...

Portanto seria bom não esquecer que o racismo é infelizmente um flagelo, mas que existe em todas as raças!

Couves para o (próximo) Natal!

Amanhã de tarde partirei para Castelo Branco para Sábado dar início à segunda parte da campanha da azeitona deste ano.

Se a primeira deu 1891 quilos de azeitona transformada em 224 litros de azeite eis chegada a hora de colher a azeitona beirã. Que este ano será naturalmente muito menos que noutros anos já que muitas oliveiras foram podadas e as que não foram receberam algumas cargas de água (especialmente granizo) quando estavam em flor dizimando o que poderia ser uma boa colheita.

Entretanto e percebendo que a chuva está para aparecer (só podia comigo à azeitona!!!) fez-se esta manhã uma espécie de monda manual às couves da minha horta. Há entre elas uma diferença de mais de um mês e isso nota-se no crescimento de umas e outras.

couves_1.jpg couves.jpg

Das mais crescidas já apanhei algumas folhas para a sopa. Todavia falta-lhes algo essencial para se tornarem macias e apetitosas.  Falo certamente do frio... com a respectiva geada.

Só mais uma coisa: as lagartas estão delirantes com esta plantação, Só espero e desejo que os melros façam a parte deles!

A revolta!

Hoje o meu barbeiro, um transmontano valente, enquanto de tesoura e pente me tosquiava, pegou no assunto dos últimos dias: os distúrbios na Cova da Moura na Amadora.

- O que me diz a este caso?

Respondi de forma diplomática:

- Não digo nada porque só sei o que vou lendo. E provavelmente nem tudo será verdade!

Todavia percebi qual seria a sua ideia e não lhe dei lastro ao assunto. Nem precisei, pois o J. voltou ao assunto com um discurso quase radical. Muito no seguimento de alguns líderes de certas forças políticas.

Não imagino o que seguirá naquele bairro nos próximos dias e noites, no entanto fico a aguardar o desenvolvimento dos acontecimentos, esperando sinceramente que tudo amaine para bem dos cidadãos que ali vivem e das forças policiais, que independentemente do seu trabalho, quantas vezes ingrato, também são gente e têm família. Como tinha a vitima mortal!

Fica ainda a ideia de que alguns partidos e associações aproveitaram-se desta nefasta situação para atirar achas para uma fogueira já de si demasiado crepitante. Eu sei que estes tristes episódios têm sempre um grande impacto nos bairros mais herméticos e vai daqui alguns grupos políticos gostam de se aproveitar da situação no sentido de abichar mais uns votos.

Só que a incontinência verbal trará sempre mais atritos a uma sociedade assaz carente e sensível, mas pronta para a violência, que ninguém deseja!

Finalmentte convém não esquecer que há gente que esfrega as mãos de contente com estas pequenas revoltas.

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